ATA DA TRIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 03.09.1998.

 


Aos três dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os duzentos e vinte e cinco anos da Câmara Municipal de Porto Alegre, e a Semana da Pátria (Requerimento nº 198/98 - Processo nº 2151/98, de autoria da Mesa Diretora), e à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Oswaldo de Lia Pires (Projeto de Lei do Legislativo nº 192/97 - Processo nº 3300/97, de autoria do Vereador Isaac Ainhorn), à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Daniel Tevah (Projeto de Resolução nº 25/98 - Processo nº 1777/98, de autoria do Vereador Paulo Brum), e à entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro (Projeto de Resolução nº 08/98 - Processo nº 711/98, de autoria do Vereador João Dib). Compuseram a MESA: os Vereadores Luiz Braz e Isaac Ainhorn, respectivamente Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati, Prefeito Municipal de Porto Alegre, em exercício; o Senhor Washington Gutierrez, representante da Liga de Defesa Nacional; o Coronel Renato Meireles, Chefe do Estado Maior da Aeronáutica; o Coronel Sérgio Renato Brasil Uberti, representante do Comando Militar do Sul; o Brigadeiro Sérgio Bambini, Comandante do 5º Comando Militar da Aeronáutica - COMAR; o Senhor João Gilberto Lucas Coelho, Secretário Extraordinário para a Metade Sul do Estado; o Desembargador Érico Barone Pires, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; os Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro, Homenageados; o Vereador Juarez Pinheiro, 1º Secretário da Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional, cantado pelo Coral da Câmara Municipal de Porto Alegre, e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Luiz Braz, em nome da Mesa Diretora e da Bancada do PSB, discorreu a respeito da importância do papel institucional representado pela Câmara Municipal de Porto Alegre, ao longo dos seus duzentos e vinte e cinco anos de existência, e salientou a justeza das homenagens prestadas pela Casa aos Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro, afirmando que os Homenageados “representam modelos que temos em nossa sociedade, que devem ser seguidos”. O Vereador Isaac Ainhorn, como proponente do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Oswaldo de Lia Pires e em nome da Bancada do PDT, destacou a relevância do trabalho exercido pelos Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro nas suas respectivas áreas de atuação profissional, mencionando, em especial, a militância do Senhor Oswaldo de Lia Pires como advogado especializado na área do Direito Penal. O Vereador Paulo Brum, como proponente do Título de Cidadão Emérito ao Senhor Daniel Tevah e em nome da Bancada do PTB, historiou fatos relativos à vida pessoal e profissional do Senhor Daniel Tevah, ressaltando a seriedade e a competência que sempre marcaram as atividades do Homenageado, garantindo-lhe o reconhecimento de entidades ligadas ao empresariado nacional e internacional. O Vereador João Dib, como proponente da concessão do Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro e em nome da Bancada do PPB, comentou as atividades realizadas pelo Homenageado no campo da política e do jornalismo, afirmando que a concessão deste Troféu ao Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro “é uma forma de homenagear a quem faz da sua vida profissional uma constante arte com as palavras, com os pensamentos e com as imagens e fatos do nosso cotidiano”. A seguir, procedeu-se à apresentação da música “Céu, Sol, Sul”, cantada pelo Coral da Câmara Municipal de Porto Alegre, sob a regência do Maestro Bernardo Jean Marie Varriale. Após, deu-se continuidade aos pronunciamentos dos Senhores Vereadores. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, manifestando sua alegria em participar da presente Sessão, referiu-se à antigüidade e importância da Câmara Municipal de Porto Alegre frente à conjuntura histórica brasileira, tecendo considerações acerca das atividades realizadas pelos Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro junto aos diversos segmentos da sociedade de Porto Alegre. O Vereador Gilberto Batista, em nome das Bancadas do PSDB e PFL, ressaltou a tradição e a respeitabilidade que caracterizam a história deste Parlamento, construída sobre as bases do debate democrático de idéias. Também, discorreu a respeito da atuação dos Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro, afirmando que os Homenageados têm em comum, apesar da diversidade de suas atividades profissionais, o amor pela Cidade de Porto Alegre. O Vereador Juarez Pinheiro, em nome da Bancada do PT, manifestou-se a respeito da importância das comemorações alusivas à Semana da Pátria e salientou a justeza das homenagens prestadas pela Casa aos Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro, discorrendo, em especial, acerca da trajetória política do Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro como Vereador desta Cidade e Deputado da Assembléia Nacional Constituinte. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, saudando o transcurso da Semana da Pátria, analisou o significado dos símbolos nacionais, historiando fatos relativos à Proclamação da Independência do Brasil e afirmando ser a conquista da verdadeira independência um processo a ser diariamente desenvolvido. Em continuidade, procedeu-se à apresentação de coletânea musical, cantada pelo Coral Infantil da Escola de Primeiro Grau São Luiz, sob a regência da Professora Marilena Zambom Lima. Após, foi realizada a entrega, por integrantes do Coral Infantil da Escola de Primeiro Grau São Luiz, de ramalhete de flores e cartão ao Senhor Presidente, em homenagem ao transcurso dos duzentos e vinte e cinco anos da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Washington Gutierrez que, em nome da Liga de Defesa Nacional, saudou este Legislativo pelo transcurso dos seus duzentos e vinte e cinco anos de existência e, discorrendo a respeito do momento histórico vivido pelo Brasil quando da fundação da Liga de Defesa Nacional, propugnou por uma reflexão acerca dos problemas estruturais e conjunturais do País, a fim de que sejam buscadas soluções viáveis para os mesmos. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador João Dib a proceder à entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro; convidou o Vereador Paulo Brum a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Daniel Tevah; e convidou o Vereador Isaac Ainhorn e o Senhor José Fortunati a procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha relativos ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Oswaldo de Lia Pires. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Jorge Alberto Mendes Ribeiro, Daniel Tevah e Oswaldo de Lia Pires, que agradeceram a homenagem recebida. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que se retiraria momentaneamente da presente Sessão, a fim de participar da abertura de exposição intitulada “Perfis políticos de 30 a 90 - O pensamento político em Porto Alegre”, instalada no Salão Adel Carvalho, organizada pelo Memorial da Casa, tendo assumido a direção dos trabalhos o Vereador Isaac Ainhorn. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, cantado pelo Coral Infantil da Escola de Primeiro Grau São Luiz, e para visitarem a exposição “Perfis políticos de 30 a 90 - O pensamento político em Porto Alegre”, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e quinze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Juarez Pinheiro. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Os trabalhos iniciais da presente Sessão Solene, estão destinados a homenagear os 225 anos da Câmara Municipal de Porto Alegre, homenagear a Semana da Pátria e, também, para entregar o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires, para entregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah, para entregar o Troféu Destaque Mário Quintana ao Sr. Jorge Alberto Mendes Ribeiro.

Convidamos para compor a Mesa: o Prefeito em exercício, Sr. José Fortunati; o homenageado, Sr. Jorge Alberto Mendes Ribeiro; o homenageado Dr. Oswaldo de Lia Pires; o homenageado, Sr. Daniel Tevah; o representante da Liga de Defesa Nacional, Sr. Washington Gutierrez; o Procurador-Geral da Justiça, Dr. Sérgio Porto; Chefe do Estado Maior da Aeronáutica, Cel. Renato Meireles e o representante do Comando Militar do Sul, Cel. Sérgio Renato Brasil Uberti; o Secretário Extraordinário da Metade Sul do Estado, Sr. João Gilberto Lucas Coelho. O Brig. Sérgio Bambini, Comandante do 5º Comando Militar da Aeronáutica; o Desemb. Érico Barone Pires, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

Vamos dar início a esta homenagem. Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional, interpretado pelo Coral da nossa Câmara Municipal.

 

(É executado o Hino Nacional pelo Coral da Câmara Municipal.)

 

Solicito ao Ver. Isaac Ainhorn que assuma a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Primeiramente, quero dizer que é uma honra muito grande poder receber na Casa do Povo de Porto Alegre tantas pessoas representativas da nossa sociedade.

É uma honra para nós podermos estar realizando esta Sessão Solene na semana em que estamos comemorando os 225 anos de vida da Câmara Municipal e também a Semana da Pátria. E, numa ocasião tão especial como esta, termos a oportunidade de estar prestando várias homenagens a cidadãos que deram tanto por Porto Alegre, a pessoas que são tão representativas para todos nós.

Os oradores que vão falar pelas diversas Bancadas vão enaltecer os nossos homenageados, eu vou apenas citá-los, até por tudo aquilo que eles representam para mim.

Eu não nasci em Porto Alegre, vim para cá em 1975, estou aqui há 23 anos. E quando cheguei aqui na Capital comecei a conhecer as pessoas, conhecer aquelas que eram mais representativas, principalmente dentro do meu campo de trabalho. Desde os 13 anos de idade trabalhava como apresentador de rádio. Lembro-me de que quando cheguei na Cidade, em 1975, já era motivo de muito orgulho, naquela época, fazer parte da equipe da Rádio Gaúcha.

Uma das pessoas que logo aprendi a conhecer e aprendi a admirar foi exatamente um dos homenageados no dia de hoje, o nosso amigo Jorge Alberto Mendes Ribeiro. E sentíamos, naquela época, muita timidez para encarar aquelas pessoas que cruzavam com a gente nos corredores das emissoras e nos locais onde íamos. A admiração que todos tinham pelo grande homem de comunicação, Jorge Alberto Mendes Ribeiro! Nós aprendemos a ouvir o Mendes Ribeiro, a admirá-lo, como homem de comunicação e como cidadão sempre disposto a encarar as lutas que lhe aparecessem, para que pudéssemos ter uma melhor sociedade. E, assim, eu passei esse tempo em que estou aqui em Porto Alegre admirando o Mendes Ribeiro.

Hoje eu dizia a ele do orgulho que tenho em estar aqui na Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre podendo recebê-lo em um dia muito especial em que a sociedade de Porto Alegre se reverencia diante desse grande homem de comunicação para homenageá-lo. Uma homenagem extremamente justa, um reconhecimento que nós já devíamos ao Mendes Ribeiro há bastante tempo. E é um orgulho para nós tê-lo aqui.

Eu não preciso gastar muitas palavras para falar da admiração que a nossa sociedade, e nós que cursamos uma escola de Direito, temos pela figura exemplar do Dr. Lia Pires. Ele é um modelo para todos os advogados ou para aqueles que apreciam o mundo do Direito e, principalmente, para os admiradores deste filão do Direito Penal. Ele é o grande mestre que todos nós temos, o grande mestre que a sociedade aprendeu a admirar. Hoje, a nossa sociedade, representada por esta Câmara de Vereadores, sente-se bastante honrada em homenageá-lo.

Todas as homenagens partem sempre de um dos Vereadores, mas é uma homenagem de toda a Casa, de toda a sociedade, porque, afinal de contas, os 33 Vereadores são representantes de toda a sociedade porto-alegrense.

Isso não é diferente com o nosso terceiro homenageado, porque todos eles foram escolhidos a dedo para que pudessem, hoje, estar figurando nesta Sessão especial que comemora os 225 anos da Câmara Municipal. O nosso amigo Daniel Tevah, com a sua inteligência, com a sua perspicácia, com o seu dinamismo, tem servido de exemplo para todos aqueles que querem, dentro desse grande mercado que temos no nosso Estado e na nossa Cidade, ter sucesso.

É claro que estou falando só em termos de referência a essas pessoas que serão homenageadas, cada um deles, pelos oradores que virão a esta tribuna. A minha missão maior, hoje, aqui, é falar sobre os 225 anos da nossa Câmara Municipal. Sexta-feira passada, eu estava neste mesmo Plenário, repleto de pessoas que vieram para ver um escritor norte-americano, um brasilianista, Thomas Skidmore. Ele fez uma brilhante palestra, empolgou as pessoas, mas no início eu falava para ele que nós estávamos comemorando os 225 anos da nossa Câmara Municipal. Ele olhava para o prédio e dizia: "Bem conservado." É claro que estávamos fazendo uma brincadeira, estávamos falando da nossa instituição, que tem vida desde 1773 com a vinda dos cinco primeiros Vereadores para a Cidade de Porto Alegre.

A história da democracia, nesta Cidade, se inicia nesta época, 1773, com o começo da vida deste Legislativo. De lá para cá este Legislativo já ocupou diversos prédios físicos em nossa Cidade, um deles, ali onde se situa o nosso Tribunal de Justiça. O prédio tinha a arquitetura bem parecida com o Theatro São Pedro, seu vizinho. Depois do incêndio, a Câmara Municipal se retirou de lá e o prédio foi reconstruído, desde então dando abrigo ao Tribunal de Justiça do Estado. Comecei meu primeiro mandato em 1982, na chamada Prefeitura Nova, nos últimos andares. Saímos de lá pelo mesmo motivo, a possibilidade de um incêndio que poderia ocorrer e os Vereadores serem todos presos numa armadilha que aquele prédio poder-se-ia transformar. Saímos de lá e ficamos algum tempo no Centro de Cultura, na época em que o Prefeito da Cidade era o Dr. Alceu Collares. Depois mudamos para este prédio.

Há doze anos, desde 1986, estamos instalados aqui. De lá para cá temos lutado muito para que as dependências possam abrigar o Legislativo com todas as suas necessidades maiores, que consistem em poder se comunicar de uma maneira melhor com a sociedade e deixar que esta possa vir aqui e se comunicar conosco de uma maneira livre, fazendo com que essa interação origine leis e medidas que melhorem a nossa sociedade. Nós temos conseguido isso, através da modernização, da informatização, deste Plenário, que começou a funcionar no ano passado, de todas as dependências desta Casa, que conseguimos oferecer aos vários segmentos da população e também a todos aqueles que querem fazer alguma promoção visando ao bem-estar da população para que possamos estar, constantemente, com essa sociedade, que precisa de legislativos fortes.

Nós procuramos fazer com que a representação que existe aqui na Câmara Municipal, com trinta e três Vereadores, seja a melhor possível e trabalhe constantemente no sentido de que a democracia que existe possa ser fortalecida, baseando-se no trabalho que este Legislativo realiza. Acredito que isso tem muito a ver com a Semana da Pátria, que estamos comemorando. Nós, que lutamos tanto para que a democracia possa se revigorar, para que ela possa ser conservada e melhorada, na realidade, essa luta que efetuamos se realiza em prol da Pátria. Nós, que lutamos contra aqueles que são inimigos dessa idéia de democracia, dessa idéia de homens livres, que lutamos contra todas essas pessoas, estamos, na verdade, lutando para que tenhamos uma melhor Pátria, uma melhor sociedade.

Para nós, esta semana é muito especial, porque ela mistura essas comemorações, os 225 anos da Câmara Municipal, a Semana da Pátria - acredito que essas homenagens se entrelaçam - e a homenagem a pessoas significativas em nossa sociedade. O Dr. Lia Pires, Mendes Ribeiro e Daniel Tevah representam modelos que temos em nossa sociedade que devem ser seguidos. Esses três homens que hoje estão aqui e que são homenageados por nossa Câmara Municipal e pela nossa sociedade representam aquilo que precisamos fazer para que a nossa sociedade se transforme em outros "Lia Pires", outros "Mendes Ribeiro" e outros "Daniel Tevah", todas pessoas que lutam, que estudam e que trabalham para que possamos ter dias melhores, sociedade melhor, mais igualitária, mais justa e uma pátria bem mais forte, que depende do trabalho que realizamos para que a democracia possa estar sempre fortalecida.

Muito obrigado pela presença de todos. É uma honra poder recebê-los, senhoras e senhores, e espero que possamos estar juntos nesse trabalho constante de reconstrução da sociedade brasileira, de construção dessa democracia, que está um tanto enfraquecida, mas que, com todos nós, tenho certeza absoluta, será fortalecida no nosso dia-a-dia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos, para fazer parte da Mesa, o Sr. Secretário Extraordinário da Metade Sul Dr. João Gilberto Lucas Coelho. Convidamos, também, o Comandante do 5º COMAR Brigadeiro Sérgio Bambini e o Desembargador Érico Barone Pires, representante do Tribunal de Justiça. (Palmas.)

Está com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn, que fala em nome do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa.) Nesta oportunidade quero dizer da emoção que sinto na condição de Vereador desta Cidade. Confesso que essa homenagem, Destaque Mário Quintana, que é concedido a esta figura extraordinária, jornalista, advogado, Jorge Alberto Mendes Ribeiro, Cidadão Emérito, ao empresário Daniel Tevah e a esta figura singular da advocacia rio-grandense, agora Cidadão de Porto Alegre, o Dr. Oswaldo de Lia Pires.

É  uma situação diferente que vive esta Casa, pois normalmente o título enriquece os homenageados, mas, neste momento, as homenagens que são prestadas enriquecem a Casa. Sinto-me extremamente emocionado e comovido ao ver nesta Casa essas figuras extraordinárias, cada uma em seu campo de atuação.

Daniel Tevah, eu tenho dez anos a mais que tu, somos mais jovens, e neste momento tu estás recebendo o reconhecimento da tua Cidade como Cidadão Emérito de Porto Alegre. Temos também aqui duas figuras que são a própria história, presença viva da nossa contemporaneidade, figuras que crescemos ouvindo falar.

Eu evoco sempre uma manhã fria, em junho de 1958. Estávamos na frente da nossa escola, Colégio Júlio de Castilhos, e todos ouvíamos com atenção a transmissão do Mendes Ribeiro, da Suécia. A sua presença é uma instituição viva da nossa sociedade, da nossa Porto Alegre e do nosso Rio Grande. A iniciativa do Ver. João Dib de conferir-lhe esse Destaque é extremamente feliz, singular, e honra e enobrece esta Casa com a sua presença. Daniel Tevah, jovem empresário, determinado, combativo, organizado, líder na sua categoria, na sua atividade empresarial, um empresário que vai à luta, que acredita na sua estrutura, empregando mecanismos modernos, em termos de recursos humanos, na condução dos seus negócios. Por último, enalteço a figura daquele a quem tive a iniciativa de prestar a homenagem, o sempre jovem advogado Oswaldo de Lia Pires, porque ele é exemplo, é referência para todos os advogados rio-grandenses e brasileiros no comportamento retilíneo, correto, honrado, digno no exercício da advocacia.

Procuro até usar um pouco de eloquência para, na minha condição também de advogado neste momento, tentar chegar próximo a essas figuras que aprendi, na minha vida de jovem estudante, a respeitar: Mendes Ribeiro e Dr. Oswaldo de Lia Pires. O programa de qualquer acadêmico de Direito nas décadas de 50, 60 - concluí o meu curso em 1969 - na busca de um aprendizado do exercício do Direito Penal, era assistir aos desempenhos do Dr. Oswaldo de Lia Pires no Tribunal do Júri. Se fôssemos definir o nosso homenageado, o nosso montenegrino que hoje recebe o reconhecimento daquilo que, de fato, já existia, que era a sua condição de porto-alegrense honorário, hoje, por lei e por reconhecimento desta Casa, apenas a ele é conferido a condição de direito, porque, a de fato, ele já possuía, de Cidadão de Porto Alegre. Este é o reconhecimento, Dr. Oswaldo De Lia Pires, como bem disse o Presidente desta Casa, da Câmara Municipal por seu incansável trabalho no aperfeiçoamento das instituições jurídicas na vida do nosso País. A presença dos seus amigos e familiares significa o reconhecimento de toda uma trajetória, de todo aquela escola de advocacia, na área do Direito Penal, que remonta aos idos de 1930 e 1940, da época do grande penalista Voltaire Pires, cuja linhagem o senhor se filia.

Se de um lado eu sei da sua felicidade de viver e de estar entre os seus, do seu sucesso profissional, mas a trajetória das nossas vidas também apresentam situações invencíveis e de dores que permanecem presentes para toda a nossa vida. Nós passamos a acreditar mais na vida com a sua presença e a presenças do Jorge Alberto Mendes Ribeiro, porque os senhores são, sobretudo, uma lição de vida com a profissão que fazem pela vida. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra como proponente do Título de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah e pela Bancada do PTB.

 

O SR. PAULO BRUM: (Saúda os componentes da Mesa.) É um momento, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras que nos visitam na tarde de hoje, em que falar dos homenageados, é dizer tudo aquilo que, com certeza, o povo de Porto Alegre, o povo do Rio Grande e quiçá do Brasil, já reconhecem quanto a sua história, o seu trabalho e as suas qualificações. O Ver. Isaac Ainhorn, proponente da homenagem ao Dr. Lia Pires, com certeza, já fez as suas colocações. Na homenagem ao Sr. Jorge Alberto Mendes Ribeiro também o Ver. João Dib, com certeza, irá fazer as suas colocações. Mas sinto-me extremamente honrado em poder propor essa homenagem a um jovem empresário, o Sr. Daniel Tevah. A proposição, com certeza, foi minha, mas o aval foi dos trinta e três Vereadores desta Casa que diz do reconhecimento deste Legislativo pela sua atuação, pela sua vida de dedicação e uma vida de vitória.

Daniel Tevah nasceu em Porto Alegre no dia 1º de janeiro de 1957. É formado em Administração de Empresa, em Administração Pública, formado em inglês no Instituto Cultural Brasileiro Norte Americano, Daniel Tevah tem mais de sessenta cursos de especialização, realizados no Brasil e no Exterior.

Começou jovem, ainda cedo, a sua atuação na vida profissional da Empresa de sua família, aos quatorze anos de idade. Hoje é o Diretor de Marketing da Empresa Tevah, que congrega mais de 650 funcionários nas áreas industrial e comercial.

A Tevah, sobre o braço forte desse jovem e determinado empresário, hoje é considerada a maior empresa. Foi a empresa de lojas com maior crescimento de vendas do setor, sendo atualmente a líder do segmento de moda masculina no Estado do Rio Grande do Sul.

Daniel Tevah foi Presidente da ADVB (Associação Dirigentes de Vendas do Brasil), Vice-Presidente de marketing do Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense. Diretor do Sindicato dos Lojistas, Diretor do CDL (Clube dos Diretores Lojistas), Conselheiro dos SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), Membro do Comitê Superior de Planejamento Estratégico da ADVB/RS, Presidente do IEE (Instituto de Estudos Empresariais), Eleito pelo Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul como "O Administrador do Ano". Eleito pela UNISINOS - Universidade do Vale dos Sinos -, como “Estrategista do Ano”; recebeu da Associação de Jovens Empresários de Porto Alegre o troféu "Lição do Ano"; Troféu “Lojista do Sul”, como Empresa Destaque do Comércio do Rio Grande do Sul.

A sua atuação em entidades de grande porte e sua formação profissional, por si só demonstram a sua competência e o grande saber na arte industrial e na arte comercial do bem-vestir.

É, com certeza, um ilustre e notável empresário no segmento da moda masculina no Estado do Rio Grande do Sul.

Seu espirito empreendedor, como foi colocado, desde os 14 anos de idade, dedica-se aos negócios de sua família, o que vem garantindo a solidez dessa poderosa Empresa, que congrega mais de 650 funcionários.

Por isso, meu querido amigo Daniel, é com muita honra que propus a esta Casa e tive o aval dos 33 Vereadores, para que V. Exa. recebesse no dia de hoje a homenagem do Legislativo, do povo de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, que fala como proponente do Troféu Mário Quintana, que será entregue ao Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro. Fala, também, pela bancada do PMDB.

 

O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Estranhos são os caminhos da vida. Como poderia eu quando, pela primeira vez na vida, encontrei a figura de Mendes Ribeiro, em 1945, com uma pequena caderneta na mão, com poesias e com letras de músicas, lá no Colégio Júlio de Castilho, 1º ano, em sala de aulas diferentes. Mas achei interessante aquele jovem, com aquela caderneta, e passei a cuidá-lo pelo resto da vida. Como poderia eu pensar que um dia estaria no Plenário da Câmara do Povo de Porto Alegre a homenageá-lo, em uma Sessão especialíssima, a primeira que se realiza nesse estilo. Como disse o Presidente: foram bem escolhidos, Oswaldo de Lia Pires, Mendes Ribeiro e Daniel Tevah.

Representam, sim, a coletividade. As ciências com Oswaldo Lia Pires, as comunicações com o Mendes Ribeiro, o comércio e a indústria com o Daniel Tevah, a educação com o Mendes Ribeiro e com o Lia Pires. A política inclusive representada pelo nosso querido Mendes Ribeiro.

Na realidade, passados tantos anos, aquele jovem que me impressionou à primeira vista, eu posso dizer com tranqüilidade, não me decepcionou, sempre me deu razão de alegria. E hoje eu me sinto muito feliz aqui nesta tribuna homenageando-o. Tudo começou, Mendes Ribeiro, no ano passado, quando esta Câmara completava 50 anos, a partir da reabertura, porque durante 10 anos no Estado Novo ela esteve com suas portas fechadas. E eu dizia que nós precisávamos trazer aqui alguém que tivesse marcado esta Casa com a sua presença. E escolhi o Ver. Mendes Ribeiro, da década de 60, porque tinha um filho com o mesmo nome, que tinha honrado, também, esta Casa. E eu dizia que era importante que o experiente Mendes Ribeiro trouxesse a sua palavra nos 50 anos da nova Câmara. Hoje, estamos comemorando 225 anos. E realmente a coisa evoluiu. Nós achamos que era muito pouco permitir que o Mendes Ribeiro falasse nos nossos 50 anos, e mereceu, porque é um homem de premissas, merecia uma premissa a mais na sua vida, que era receber pela primeira vez o Prêmio de Jornalismo Mário Quintana.

Este é o reconhecimento da comunidade porto-alegrense a profissionais ligados a área de comunicação social que realizam, ainda que nos bastidores desses veículos, a arte de bem informar a arte de comunicar e expressar nossa cultura. Esta é uma forma de homenagear a quem faz da sua vida profissional uma constante arte com as palavras, com os pensamentos, e com as imagens e fatos do nosso cotidiano. E Mendes Ribeiro fez tudo isso. Mendes Ribeiro, um homem determinado, um homem absolutamente correto nas suas posições, livre nos seus pensamentos e que é um destaque. Ele deve ter feito esforço, porque ninguém se destaca sem esforço; mas esse destaque está em todas as suas atividades: o Vereador, o Jornalista, o Locutor esportivo, o Político, o Professor, o Advogado, o amigo, a criatura humana. Hoje mesmo, sabendo que Mendes Ribeiro era o homenageado, eu recebi dois telefonemas de pessoas que queriam que eu transmitisse o carinho que elas têm por realizações que, talvez, o Mendes Ribeiro nem lembre mais, mas que mostra a criatura humana que ele é, a criatura que se preocupa com seus semelhantes e que procura dar de si o melhor.

Eu vou dizer aqui, já que falamos em tantas premissas, e o Mendes Ribeiro é o homem das premissas, eu tenho quase 28 anos de Câmara Municipal, a primeira voz da Rádio Guaíba foi a do Mendes Ribeiro; mas, pela primeira vez, em 28 anos, eu vi o Flávio Alcaraz Gomes numa Sessão da Câmara Municipal, por certo para trazer o abraço para o Mendes Ribeiro com quem ele também começou na Rádio Guaíba. Realmente, o Mendes Ribeiro soube deixar amigos por onde passou e isso é muito importante.

Se o Mendes Ribeiro iniciasse o seu programa na Rádio, ele diria: "Desejo-lhes paz." Eu encerro sempre o meu pronunciamento da mesma maneira, só que hoje, em especial, à Marlene e ao Mendes Ribeiro eu digo: saúde e paz. Muito obrigado. (Palmas.)

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ouviremos agora o Coral da Câmara Municipal de Porto Alegre que cantará a música "Céu, Sol, Sul", sob a regência do Maestro Bernardo Jean Marie Varriale.

 

(É feita a apresentação do Coral.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em nome da Bancada do PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Eu quero agradecer a inversão da ordem dos oradores que me permite falar em primeiro lugar, em face de um compromisso de Comunicador. Eu não poderia deixar de vir trazer o meu abraço pessoal aos homenageados desta tarde, ressaltar a importância que tem para a Cidade os 225 anos desta Câmara, e a Semana da Pátria que temos que cultuar com intensidade.

Para fazer um rápido retrospecto e uma referência, a Câmara Municipal de Porto Alegre é anterior à independência americana, anterior à Revolução Francesa e anterior à Inconfidência Mineira; tal é a sua trajetória histórica. Nós aqui, nesse canto do mundo, cultuamos, nesta semana, 225 anos de atividade política em prol de uma sociedade que, se não aprendeu ainda a querer a sua Câmara de Vereadores, tem nela, efetivamente, o repositório de suas aspirações. Aqui é a Casa do povo porto-alegrense.

Vou referir-me aos homenageados. Daniel Tevah representa aquilo que já foi dito em um instante de inspiração do Ver. Paulo Brum, propondo o título de cidadania. O Dr. Lia Pires é uma figura que quem vive nesta Cidade aprendeu a conhecer, ele é o homem das lides advocatícias no campo criminal. Não há cidadão desta Cidade que não tenha ouvido falar no Dr. Oswaldo de Lia Pires, como aquela figura retilínea, capaz e, sobretudo, um advogado que honra a sua profissão.

Quero deter-me um pouco mais em meu companheiro Mendes Ribeiro. Nós não nos conhecemos aqui nesta Casa, mas antes, no campo da comunicação, temos uma longa trajetória cumprida juntos. Nunca trabalhamos na mesma emissora, mas aprendemos a nos respeitar, cada um em seu lugar, em seu ponto de atuação. Nesta Casa, o Mendes Ribeiro ocupou a vereança pela primeira vez, em 1964, na Bancada do MTR, que era formada de quatro Vereadores, dois deles ainda vivos: Ábio Hervé e Mendes Ribeiro, sendo que os outros dois faleceram: Comissário Bergman e Glênio Peres. Por força de circunstâncias advindas do Movimento Militar de 1964, eu ocupei uma cadeira de titular nesta Casa, em 12.05.1964. O Mendes Ribeiro havia assumido antes, cumprindo uma parte do seu mandato de Vereador, depois foi trabalhar na comunicação e, mais tarde, foi Deputado Federal, todos conhecem a sua trajetória política que foi brilhante, sendo que no Parlamento Nacional foi Constituinte. Isso lhe dá uma credencial de muita proeminência.

Mas eu quero ressaltar o papel do comunicador, como cidadão político. Nós, comunicadores, temos essa condição. Numa terra em que há uma carência de condicionamentos políticos para o exercício da nossa atividade parlamentar, os comunicadores são os buscados para esse mister, e muitos de nós fomos parar nas tribunas parlamentares. Por razões óbvias, nós, os comunicadores, que somos os especialistas em tudo e não somos formados em nada, temos essa condição de apreendermos as aspirações da sociedade e de fazê-las públicas, de transmiti-las, de costurar uma série de acordos de possibilidades de andar para a frente. Nós, comunicadores, estamos enxergando o mundo de amanhã. É isso que nos dá essa condição, e temos que fazer com que isso sirva para a sociedade. Hoje, infelizmente, há muito comunicador se servindo. Notem bem a expressão: "se servindo". Mas a nossa missão é “servir” à comunidade que representamos, porque temos uma credibilidade pública que os outros homens públicos raramente têm. Nós comparecemos diariamente diante dos microfones, diante das câmaras de televisão, nas páginas de jornais com a nossa opinião, com a nossa visão de sociedade, com a nossa perspectiva de andar para a frente. É isso que nos distingue. E o Mendes Ribeiro é um representante autêntico dessa geração de comunicadores que se educou com essa perspectiva.

Infelizmente, as coisas hoje estão mudando. O mundo está mudando. Mas eu quero crer que não mudaremos. Chegamos a um estágio de vida em que não se muda impunemente de rumo. A nossa trajetória nos imprime esse papel e nos impulsiona para diante.

Mendes Ribeiro, o Prêmio Mário Quintana é de uma significação muito especial. O Ver. João Dib foi muito sábio ao propô-lo, porque o homenageado e o que dá o nome à homenagem merecem a consideração desta Cidade. O velho Mário, se estivesse vivo, estaria aqui, claro que não na condição de patrono, mas aplaudindo o prêmio que o Mendes Ribeiro pudesse receber e que está recebendo.

A cidade se engrandece numa ocasião como esta, porque, como disse um dos oradores que me precedeu, às vezes, o homenageado é que engrandece o prêmio que recebe. E, hoje, a Câmara Municipal de Porto Alegre, que daqui a dois ou três dias comemora 225 anos, se engrandece com a possibilidade de poder retribuir este serviço ao Mendes Ribeiro, ao Daniel Tevah, ao Dr. Oswaldo de Lia Pires. Muito obrigado pela oportunidade que me dá de dizer publicamente o quanto Mendes Ribeiro significa para Porto Alegre, assim como o Dr. Oswaldo de Lia Pires e o Daniel Tevah. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Gilberto Batista, que fala  pela Bancada do PSDB e PFL.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na realidade são cinco os homenageados desta tarde festiva, nesta Casa do Povo de Porto Alegre. Quero parabenizar todos os funcionários desta Casa e também a Mesa Diretora, através da pessoa do Presidente desta Casa, pela passagem dos 225 anos de existência da Câmara Municipal de Porto Alegre e também parabenizo os responsáveis pela organização das atividades desenvolvidas nesta semana para marcar esta data deste Parlamento de muita tradição e de muita respeitabilidade.

Nós, os 33 Vereadores desta Casa, fomos delegados pelo povo de Porto Alegre e todos nós com o auxílio do corpo funcional desempenhamos diversas atividades legislativas e muitas vezes desempenhamos atividades sociais em nossos gabinetes atendendo a inúmeras reivindicações, todas vindas da nossa sociedade porto-alegrense.

Muitas vezes, desta tribuna, Sr. Presidente, realizamos debates sobre temas de extrema importância para a nossa Cidade e, é neste local que aprovamos ou não projetos de extrema importância para a rotina da nossa Cidade. Aqui muito trabalhamos, Ver. João Dib, para a nossa valorosa Cidade.

Mas a tarde é festiva e não teria data melhor para prestarmos estas homenagens para homens que trabalham em busca da perfeição, da honestidade e da determinação. Três pessoas em campos totalmente diferentes como já foram mencionados, mas com algo em comum, a nossa cidade de Porto Alegre e, é por isso, que também votei favoravelmente a essas três homenagens de hoje, por realizações prestadas à nossa Cidade. Os oradores que me antecederam já falaram quase tudo sobre essas três personalidades. Eu, um jovem de 35 anos, Vereador de 1ª Legislatura, não pensaria também, Dr. Lia Pires, que pudesse vir aqui, Dr. Mendes Ribeiro, Dr. Daniel, para  prestar-lhes essa homenagem. Deus colocou-me esse destino, como o Ver. Dib; muito menos eu pensaria que estaria aqui neste momento, homenageando-os e tendo a atenção dos Senhores para este breve pronunciamento.

Faço a minha humilde saudação, Dr. Lia Pires, dizendo que, para mim, o Senhor é o maior advogado que este Estado e o Brasil têm e acredito que não vamos ter outro igual ao Senhor.

Quero dizer ao ex-Deputado, Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro, que nunca acompanhei a sua trajetória em comunicação, mas, sim a sua atividade parlamentar como Deputado Federal e tenho orgulho de, hoje, estar aqui reverenciando V. Exa. O jovem empresário Daniel Tevah, todos conhecem através da sua empresa, através da sua competência, determinação e afinco, pois  essa é uma empresa que possui mais de 650 funcionários. Quero parabenizar a todos, em especial ao Presidente Luiz Braz, pois tenho orgulho de ser comandado por V. Exa. nesta gestão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra pela Bancada do PT.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Há dias de muitos dias e dias de dias nenhum. Hoje é um dia de muitos dias. Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)

Mendes Ribeiro, lembro-me de uma poesia: "Acorda de madrugada, não esperes o fim da noite, a preguiça é uma paz que enlouqueceu, só tira o brilho da alegria e a força da paixão". A solenidade dos 225 anos da Câmara Municipal de Porto Alegre também tem o objetivo de comemorar a Semana da Pátria e faz com que tenhamos um dia, - como disse o Ver. João Antônio Dib -, especialíssimo, que vai se reproduzir, é um dia de muitos dias. Por furo de um jornalista, colega de um dos nossos homenageados, soube, às 16h30min, que seria eu o encarregado, com muita honra, de falar em nome do Partido dos Trabalhadores. Não vou dizer que estou emocionado, porque não estou, mas posso dizer que estou muito honrado de falar em meu nome e em nome da Bancada, especialmente em nome do Ver. Antônio Losada, que me pede que eu faça, quando da minha intervenção, alusão e transmita um abraço ao Mendes Ribeiro.

Filho de torneiros mecânicos, alguns sons me restam, os sons mais remotos, que me reportam para o som da Maria-Fumaça, quando vinha de Canoas para Porto Alegre, junto com meus pais que trabalhavam nas fábricas Renner. Lembro os sons de 1958, de Vavá, de Coutinho, de Pelé, começando; de 1962, quando Mendes Ribeiro, emocionado, cantava os gols de Amarildo, que substituía Pelé, que estava lesionado. Isso é importante e isso me traz emoção, mas quero lembrar de coisas mais importantes!

 Eu quero, neste momento, lembrar do Mendes Ribeiro jornalista, acima de tudo, porque essa é a sua profissão. Jornalista que nunca se submeteu a nada; jornalista que nunca deixou que a sua consciência fosse abafada pelos interesses dos seus patrocinadores, pelos interesses de quem lhe dava emprego nos órgãos de comunicação. Eu quero lembrar de Mendes Ribeiro Vereador. Por alguma coisa que sei, alguns detalhes, sei que foi um bom Vereador; sei que foi Presidente da Comissão de Finanças; sei que foi importante; sei que teve coluna vertebral, coluna que não se vergou, e o fez, inclusive, renunciar ao mandato que havia legitimamente alcançado com base na vontade popular. E acompanhei, muito, o trabalho do Mendes Ribeiro como Deputado Federal Constituinte, quando se elegeu, em 1986, com a maior votação que um Deputado Federal já teve neste Estado, e de novo fez uma excelente votação, e faria quantas quisesse, só que não quis continuar, porque ele é jornalista e quis voltar a ser jornalista.

Por isso, eu, que falei com Mendes Ribeiro apenas uma vez - ele, por certo, nem lembra, numa viagem que fazia a Brasília eu o encontrei no avião -  por isso quero dizer que me sinto muito orgulhoso de que esta Casa tenha este dia tão especial. Este é o dia em que pela primeira vez fazemos, neste Plenário de uma casa que completa 225 anos de funcionamento, uma Sessão com tantas pessoas, com tantas personalidades, como são os homenageados: o Mendes Ribeiro, o Sr. Daniel Tevah, que com seu trabalho produz e gera emprego nesta Cidade e neste Estado, o Dr. Lia Pires, figura reconhecida não só no meio jurídico deste Estado, mas de todo País. E, neste momento, tenho a alegria de poder compor um Parlamento que é referência nacional, um Parlamento que tem na sua história figuras como Alberto André, que homenageamos na Sessão Ordinária de ontem, que tem, hoje, na sua composição, trinta e três Vereadores da melhor qualidade, uma Câmara que está aberta diariamente às nossa escolas, fazendo aqui suas sessões com as escolas de 1º e 2º graus onde, por certo, estamos gerando, também, os próximos representantes populares, lideranças deste Estado e deste País.

Portanto, assim como o fiz com Mendes Ribeiro, a quem tive essa rara oportunidade de dirigir algumas palavras num momento tão importante, eu quero também homenagear os dois outros Cidadãos desta Cidade: Sr. Daniel Tevah, e o nobre advogado, meu colega, que tanto honra a advocacia deste Estado, Lia Pires.

Mas quero, também, aproveitar esta oportunidade para saudar os funcionários desta Casa e dizer aos que nos visitam que esta, realmente, é uma Casa de trabalho, uma Casa com uma representação política importante, um Parlamento, como já disse, referência deste Estado e que tem os seus trabalhadores também referência, pela sua dedicação e pela qualidade do seu trabalho.

Nós queremos mesmo é ouvir as pessoas que hoje homenageamos, e eu não quero me alongar. Mas nós vivemos neste País, hoje, momentos extremamente difíceis. Eu já desfilei em sete de setembro como estudante; quando prestava meu serviço militar, desfilei em sete de setembro, em homenagem à Pátria. Neste sete de setembro não estarei desfilando, mas eu espero que a população deste País esteja toda ela marchando para uma tomada de consciência de que nós não podemos nos submeter à idéia de que a globalização é o único caminho. A globalização não significa nada mais nada menos do que a recolonização do Brasil e dos países do Terceiro Mundo.

Quero aproveitar este momento, independentemente de qualquer viés de ordem ideológica, para chamar a atenção de que está sendo gestado, no âmbito da OCDE, da Organização Mundial do Comércio, há dois anos, um acordo chamado Acordo Multilateral de Investimento, que coloca as multinacionais acima das nações, acima dos países, que faz com que os países percam a sua soberania em prol dos monopólios privados. Isso não tem coloração ideológica, isso significa, senhores e senhoras, soberania nacional, coluna que não se verga, como não se verga a coluna do nosso homenageado Mendes Ribeiro. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal, pelo PPB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tive como incumbência saudar alguma coisa mais importante do que todos os Senhores: a Pátria. Escolhi para iniciar esta minha arenga uma carta. Uma carta escrita por Moniz Barreto a El Rei de Portugal - porque a pátria é formada por militares e civis, ninguém tem dúvida disso.

Diz a carta, uma bela página da literatura que vou ler, embora os senhores hão de querer que eu a termine:

"Senhor, umas casas existem no vosso reino, onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, ao toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam, obedecendo. Da vontade, fizeram uma renúncia, como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício, desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados, mesmo, são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande, que os poetas não se cansam de celebrar. Quando eles passam, juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente os conhece por militares...” Porque por definição o militar de guerra é um homem nobre, e quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai a coragem e à sua direita, a disciplina."

 Meus Senhores, esta é uma carta escrita por Moniz Barreto, em 1893,  a El-Rei de Portugal. Não posso continuar, porque ela é extensa.

Cabe-me saudar a Semana da Pátria. E nós, militares - e nisso me incluo -, no silêncio da caserna cultivamos os símbolos nacionais, faz parte da profissão. Estão citados no art. 13 da Constituição Federal, parágrafo 1º, os símbolos nacionais: a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas da República e os Selos Nacionais, estendendo aos estados e municípios uma prerrogativa de também terem símbolos.

Por isso o Presidente da Casa, Ver. Luiz Braz, instituiu, neste plenário, no dia 31 de agosto, os três símbolos, que V. Exas. não devem ter notado, cujo esplendor deu um toque de graça, de imponência a este salão. Ali, naquela tribuna, está o símbolo folclórico do gaúcho, no centro, as armas do Rio Grande, e aqui, abaixo de mim, o brasão da Câmara Municipal. E a Liga de Defesa Nacional abre as cortinas do passado para as evocações desta semana. Tiro de canhões saúdam por todas essas bandas o bastão da brasilidade. Tochas ardentes, de mão em mão, conduzidas por milhares de atletas, não sei quantos e onde estão, vão acender uma pira em um lugar qualquer do Brasil. E o que seria do homem se não tivesse símbolos? Repito, aqui, a minha arenga da última vez em que estive na tribuna, e os Vereadores já estão cansados de ouvir isto: o que seria de nós se não tivéssemos símbolos e valores? São significações. É a primeira comunhão; é o casamento; é a formatura; é a entrega de certificados de operários que se engalanam; colegiais alegres no hastear de uma bandeira em um pátio de qualquer colégio, ou no pódio ao som do Hino Nacional. Não pertence aos militares essa primazia, nem eles têm essa pretensão. Apenas na caserna o culto é diário, por isso tem uma certa magia, mas os símbolos são civis. Nesta semana as coisas se acendem, esta é a Semana da Pátria. São clarinadas, canhões, esquadrões de cavalaria, autoridades, imprensa, povo, culto à pátria. Parece que, com sofreguidão, todos percebemos o quanto fomos omissos.

Nosso Estado é mais afortunado. Não tem Semana da Pátria, tem o "Mês da Pátria". É que dois invulgares indivíduos, Caxias e Bento Gonçalves, vencendo os desacertos, sepultando paixões, cavalgaram juntos em defesa do solo pátrio, depois de uma série de desencontros. Com esses símbolos comuns, o farol da liberdade cedeu lugar ao Hino Nacional.

O Imperador de duas pátrias, o jovem irrequieto e fogoso D. Pedro I, realizara uma independência ao seu jeito. Só D. Pedro I poderia fazer uma independência como a do Brasil. Não tenham dúvidas. Sincero, rude, arrebatado, amigo dos seus amigos, transitava mais pelas cavalariças do palácio do que pelos seus próprios salões. Exímio cavaleiro, pouco voltado aos livros, emocional, com alma de músico, sentara ao piano e compusera o Hino da Independência.

Imaginem! Vá lá se entender esse homem! Mas não tinha vocação para traidor. Jogou por terra, todavia, as cores de Portugal e, num brado inesperado e improvisado, escolheu as cores que vieram a ser as cores nacionais: o verde e o amarelo. De nada valeriam os Andradas, de nada valeria Feijó, a própria Maçonaria, se D. Pedro não fosse como era: indomável. Proclamar uma independência impossível, jogando por terra as cores de Portugal e a sua própria família, imaginem!

Mas a Independência é um processo, começa no ato, todavia tem que ser diariamente conquistada por um povo heterogêneo, como o nosso, inculto, como o nosso. Em certos lugares, com estações climáticas antagônicas ao mesmo tempo. No Ceará eu coloquei calção de educação física e no Rio Grande do Sul, japona!

Não é fácil, principalmente, a independência econômica. O mundo de hoje, a nossa frente, atravessa crises inexplicáveis, incompreensíveis até para os letrados, para os versados em assuntos econômicos. Os economistas só explicam mas não resolvem, pois os fatos já  se deram.

Tudo exige soluções, pede um comportamento para esses solavancos que estremecem o mundo numa vertente econômica. Se não tivermos um pensamento coletivo, unido a um desprendimento pessoal para resolvê-los, de nada valerá toda a inteligência aprimorada de um segmento pequeno da sociedade brasileira a buscar uma solução para 90% de um Brasil necessitado. Que Deus nos ajude! Diante dessas ondas gigantes, dessas ondas rainhas, de economia indecifrável, dita economia globalizada, porque não sabemos outro nome, onde os capitais particulares têm mais força que as nações, as nações poderosas do mundo político, desafiando quem as discipline, livrando-nos, se Deus quiser, de sustos diários, de uma vida de incertezas. Que Deus nos ajude! (Palmas.)

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Teremos agora a apresentação do Coral Infantil da Escola de 1º Grau São Luiz, que cantará uma coletânea de músicas de Porto Alegre, sobre a regência da Profa. Marilena Zambom Lima.

 

(É feita a apresentação do Coral.) (Palmas.)

 

(Os alunos de 1º Grau da Escola São Luiz entregam um ramalhete de flores e um cartão ao  Sr. Presidente.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu vou ler aqui a mensagem trazida pelos alunos da Escola de 1º Grau São Luiz:

"Alguns sentimentos revestem-se de tanta nobreza que deveriam ser eternizados em bronze ou imortalizados em versos. Entre esses sentimentos colocamos a fraternidade.

Embora não havendo laços de sangue, o que une a Escola de 1º Grau São Luiz e a Câmara Municipal de Porto Alegre é, com certeza, um sentimento nascido de longa data, mas oficializado apenas em 1997, quando esta Casa se dignou a homenagear a nossa Escola pela passagem de seus oitenta anos de fundação. Hoje, laços de afeto torna-nos entidades irmãs. Por isso, como forma de retribuir o carinho recebido, a Diretoria, a Associação de Pais e Mestres, alunos, professores e funcionários da Escola de 1º Grau São Luiz prestam uma modesta homenagem à Câmara de Vereadores, seus integrantes e funcionários, pela passagem dos 225 anos de dedicação à comunidade.

 Esperamos que o eco das vozes dos alunos da Escola seja uma doce presença, que se faça eterna aos seus ouvidos e que as flores que ofertamos possam colorir um pouco mais os seus caminhos em busca de sábias decisões.

Sinceramente, com carinho e com afeto, Irmã Anna Inez Toigo, Diretora, e Pedro Paulo Araújo, Presidente da APM".

Muito obrigado à Escola de 1º Grau São Luiz. Agradeço de coração. (Palmas.)

 

O Sr. Washington Gutierrez está com a palavra e falará pela Liga de Defesa Nacional (LDN).

 

O SR. WASHINGTON GUTIERREZ: (Saúda os presentes.) Quero saudar especialmente essas crianças, porque sei que nos emocionamos, e o coração de todos nós, adultos, estão voltados para elas como a coisa mais preciosa que temos neste local.

Inicialmente, em nome da Liga da Defesa Nacional, transmitimos nossas saudações pelas justas comemorações dos 225 anos desta Casa do Povo de Porto Alegre, bem como nosso agradecimento pelo que ela tem feito, ao longo de tão expressivo período de vida, em prol desta comunidade. A Liga de Defesa Nacional (LDN) sente-se honrada em estar aqui presente nesta Sessão Solene em que a Câmara, como sempre o faz, está homenageando a Pátria Brasileira.

Fundada em 7 de setembro de 1916, a LDN surgiu com a finalidade de unir os irmãos brasileiros em torno do amor à Pátria, naquele momento em que a Nação estava traumatizada e os ânimos exaltados, em vista da equivocada histeria positivista que criou, provisoriamente, em 1889, a República, prometendo, timidamente, realizar um plebiscito, o qual, já sem real significado, aconteceu somente após mais de 100 anos de tropelias, massacres, empastelamento de jornais, propaganda unilateral e outras violências. É comovente ler-se a Ata número 1, de fundação da Liga, na qual Olavo Bilac registra as sérias divergências existentes e o perigo de desmembramento da Pátria, e apela para a unidade, para o amor e pelo ardor cívico em prol do engrandecimento do Brasil.

Assim, aqui está a Liga defendendo a integridade territorial e a integração nacional; promovendo a formação moral da pessoa humana em todas as suas dimensões; prestigiando a cultura e os valores nacionais, estimulando a juventude em campanhas, concursos e eventos cívicos; defendendo o amor à Justiça e o culto do patriotismo; estimulando o estudo e o amor à História do Brasil e às nossas tradições; atuando junto à classe empresarial e instituições culturais no sentido da publicação de livros e folhetos e de patrocínio de atividades cívico-patrióticas; e colaborando com os governos na prestação de serviços a ela inerentes.

Sem dúvida, esta é uma semana de festas, de comemorações, de exultação. Mas é, também, um momento de reflexão sobre os grandes problemas que afligem o Brasil nas áreas da Educação, Saúde, Habitação, Emprego, Distribuição da Renda, Trânsito, Transporte, Agricultura, Indústria, Segurança, Justiça, Moralidade individual, coletiva, empresarial, política, governamental; e tantos outros.

Permitam-se, uma reflexão sobre um grão de areia nesse cômoro de problemas: o engarrafamento do trânsito aqui em Porto Alegre. Sou assíduo usuário da Av. Protásio Alves/Osvaldo Aranha, há mais de meio século. Nos primeiros tempos, o congestionamento ocorria, numa pequena hora do pique, na altura da Praça Otávio Rocha; depois, com o passar dos anos, o engarrafamento veio descendo em direção ao bairro, mais ou menos na seguinte seqüência: Praça da Igreja da Conceição, Instituto de Educação, Hospital de Pronto Socorro, Rua Vicente da Fontoura, rótula da Carlos Gomes; e agora já acontece desde a Rua João Bastian, junto à antiga Gaúcha Car, com o agravante de que a hora do pique não é mais aquele simples momento de então, mas perdura por várias horas do dia.

Estamos perdendo esta batalha, com sérias conseqüências para a qualidade de vida dos porto-alegrenses, pois o que testemunho na Av. Protásio Alves, certamente ocorre também em muitas outras vias da cidade.

Parece-me que a aplicação das regras convencionais de Engenharia de Trânsito já esgotaram as possibilidades de resolver a situação. Por outro lado, preocupa-me o surgimento de várias grandes indústrias nos municípios vizinhos de Porto Alegre. Isto me leva a crer que dentro de no máximo 10 anos, teremos esta Cidade e toda a região metropolitana "entupidas".

Não sendo técnico no assunto, estou apenas fazendo uma reflexão. Por isso, julgo de bom alvitre que Vereadores, Secretários Municipais, Prefeito e Vice, líderes empresarias e outros,  reunam-se e procurem afanosamente soluções heterodoxas tais como planejamento familiar, incentivos para o refluxo dos grandes centros urbanos, obras viárias subterrâneas e aéreas, etc.

Conforme preconiza a Liga da Defesa Nacional apelamos para os sentimentos patrióticos dos nobres Vereadores no sentido de que afastando qualquer interesse sectarista trabalhem unidos com dedicação e devoção para resolver, enquanto é tempo, enquanto há tempo, este e outros tantos problemas deste importante pedaço do torrão brasileiro que é a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. João Dib, o Ver. Paulo Brum, a Dona Marlene e o Ver. Isaac Ainhorn para fazerem a entrega dos títulos aos homenageados.

De acordo com o que já foi dito pelos diversos oradores, o Ver. João Dib é o proponente da homenagem ao Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro. O Ver. João Dib procede à entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro.

 

(É feita a entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. Paulo Brum, para fazer a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah.

 

(É feita a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. Isaac Ainhorn para fazer a entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires.

 

(É feita a entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Prefeito em exercício, Dr. José Fortunati, a fazer a entrega da Medalha de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires.

 

(É feita a entrega da Medalha de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: É claro que chegamos ao momento principal desta solenidade, porque todos os Vereadores usaram as palavras que conseguiram para enaltecer os nossos homenageados, mas, por mais palavras que utilizassem, apesar do talento de todos eles, não conseguiriam traduzir aquilo que a nossa sociedade realmente pensa a respeito desses três homenageados que hoje estão aqui honrando esta Casa. É evidente que, numa data tão importante para nós, os 225 anos da Câmara Municipal e na Semana da Pátria, realmente fica muito difícil, para os mais brilhantes oradores, falarem de tudo aquilo que está acontecendo nesta semana, Ver. Pedro Américo Leal, sem deixar de omitir detalhes que são importantes na vida de cada um desses que estão sendo homenageados nesta semana. É por isso que os que estão presentes estão realmente querendo ouvir os homenageados. O primeiro a ocupar a tribuna é um dos grandes mestres da palavra, o jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro. (Palmas.)

 

O SR. JORGE ALBERTO MENDES RIBEIRO: Sr. Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em V. Exa. eu saúdo a presença de todas as demais autoridades que nos honram nesta ocasião.

Minha mulher, minha doce Marlene, companheira de tantas e tantas coisas que vivemos e, se Deus quiser, viveremos, muito obrigado por estares ao meu lado. Teresinha e Elisabeth, minhas filhas que aqui estão representando a Maria Alice, que não pode estar, e o Jorge Alberto que, por motivos óbvios, anda pelo Rio Grande, um beijo muito agradecido por colocarem em meu caminho mais uma chance de vê-las presentes na oportunidade em que lembram de mim para coisas tão agradáveis, eu diria inesquecíveis.

Meus colegas da Rádio Guaíba, que o Dr. Carlos Ribeiro, nosso Diretor, represente-os para que nele eu possa sintetizar, não apenas o agradecimento por vocês estarem aqui, como a oportunidade de trabalhar em uma casa onde aprendi a ser livre e onde ganhei a chance de continuar sendo livre mesmo quando muitos não apostaram ou ainda não apostam nos homens que, como disse o filósofo: "Pensam, logo existem."

 Crianças que eu ouvi com enlevo e a responsabilidade de, num estágio avançado da vida ouvir cantar, apenas quando a vida começa, coisas tão lindas falando de amor que o homem, sei lá por que, parece que enquanto se cresce vai-se deixando de lado, esquecendo, tornando a um segundo lugar.

Meus amigos, desta tribuna comecei uma carreira que se juntou a outras duas, político, advogado, comunicador, eu sintetizaria isso na benção de meio milhão de votos, que guardo com carinho, dificilmente reproduzível em palavras.

De qualquer sorte, perguntava-me eu, enquanto me dirigia dali para cá, mas já falaram tantos e tão bem, outros falarão melhor ainda, como te atreves a dirigir a palavra em meio deles? E eu me lembrava de alguém perdido nas páginas bíblicas, que ao ser questionado, se falaria depois de ter ouvido o mestre, teria respondido:" mas se ninguém falasse depois do mestre, ou se ninguém tivesse falado antes dele, o mundo não teria ouvido ninguém." Perdoem-me, pois, os mestres que já falaram, e perdoem-me aqueles que falarão logo após, a ousadia de ocupar o microfone.

Meus amigos, dizer que não pensei no que vou dizer é a verdade, a vida transmitiu-me o hábito de deixar falar o sentimento, porque sempre entendi que se a gente não deixar passar o sentimento, acaba não dizendo nada, ora é tolhido por um limite, ora é brecado por outro, mas se o sentimento não aflora, e a gente tem vontade de falar em amor e sentir medo de ser piegas, se a gente é tocado pela fé e fica em dúvida de não ser entendido, as pessoas acabam não sendo o que são, não externando aquilo que deveriam externar. E veio-me à lembrança, estranhamente, a fábula do lobo e do cordeiro, todos a conhecem. O lobo vivia embaixo e o cordeiro em cima, não gostou o lobo, morreu o cordeiro. Inverteram-se os papéis, mas valeu a desculpa do mais poderoso e mesmo com os papéis invertidos, tornou a morrer o cordeiro e tornou a safar-se o lobo.

Será que a fábula traduzia apenas o sentido de matar e de morrer. E o que é mais triste, a convicção de sobreviver apenas o mais forte e não quem, também, tinha o direito de continuar vivendo. Porque alguém tem que nascer lobo e alguém tem que nascer cordeiro? E porque os lobos hão de matar os cordeiros? E porque os cordeiros haverão de permitir, a vida inteira, serem mortos pelos lobos?

Será que em meio às alcatéias não surgirá um só, e apenas um, capaz de ter a coragem de dizer aos seus semelhantes: “Ei, não é assim, há água no mundo para todos, há tantas vertentes, mas tantas, que são superiores ao número de alcatéias que existem no mundo”?

Será que não existirá um só cordeiro, um só, capaz de dizer àqueles que compõem o seu rebanho: “mas, nós não podemos continuar morrendo em vão. Não podemos continuar nascendo, marcados para morrer, transmitindo aos nossos filhos, aos nossos netos, aos que vierem depois de nós, que esta é a nossa sina, este é o nosso destino”. E que tudo está bem assim. Lobos gerarão lobos, formar-se-ão alcatéias. Cordeiros gerarão cordeiros, formar-se-ão rebanhos. E as alcatéias destruirão os rebanhos e os rebanhos não terão como reagir.

Meus amigos, se eu tivesse que escolher entre nascer lobo e nascer cordeiro, ficaria em uma opção, que, por ser tão difícil de tomar, entregaria ao Senhor. Por que eu não poderia nascer lobo com a missão de dizer aos meus pares, mesmo correndo o risco da minha vida, pois essa teria a minha missão no mundo: hei, é tempo de parar, é tempo de notar que entre alcatéia existe amor; que as mães amamentam os filhos, que os pais guardam as tocas. Enfim, que os lobos não são maus com todos. Por que não poderia eu nascer lobo assim, com a missão precípua de falar de amor e não falar de morte, mesmo que ao fim eu morresse e nascesse outros, com pensamentos diferentes. Mas, se o Senhor desejasse e me fizesse cordeiro, eu gostaria de dizer a quantos pudesse, que começassem a morrer com dignidade; e que cada um que fosse sacrificado, a pregação que tivesse sido feita, tão bem tivesse sido feita, que ela fosse transmitida de um para outro até que a reação começasse tímida, depois nem tão tímida assim, e depois capaz de mostrar que o amor que existe entre os cordeiros também poderia servir de exemplo ao amor dos lobos.

Dr. Oswaldo de Lia Pires, V. Exa. fez defesas inesquecíveis e portou-se magnificamente nas vezes em que esteve do outro lado da tribuna. Em qualquer das duas ocasiões, V. Exa. pregou o amor. O amor à Justiça. O amor à sociedade. O amor à vitória final de quem é bom, de quem é justo, de quem confia em alguma coisa superior ao imediatismo dos homens.

Meu caro Daniel Tevah, eu dizia ainda há pouco, e não exagerava, que hoje a família Tevah é um pouco da minha família também, porque o mestre Israel tem sido tão pródigo na sua distribuição de amor que reparte as suas reuniões de fim de ano comigo, com minha esposa e com meus filhos.

Pródiga foi a Câmara de Vereadores em permitir que a minha falta de talento e brilho fosse coberta pelo brilho e pelo talento dos meus amigos. Eu sou muito grato a esta Câmara, onde iniciei a minha vida parlamentar. Mas sou mais grato ainda pela chance de, na comemoração de seus 225 anos, estar ocupando esta tribuna para falar em amor, para falar em fé, para falar em justiça, para falar em um homem que, apesar dos pesares, ainda tem tempo para se lembrar de outros homens e dizer: "Ei, irmão, eu lembrei-me de ti e outros lembraram também!". E lembramos em momentos de amor, e lembramos em momentos de paz.

Ver. João Dib, antes de mais nada, meu irmão, sabes que os homens públicos marcam seus eleitores. Tuas marcas andam sempre comigo. Quando me lembro de exemplo de retidão, de coragem, de garra, de amor à vida, de confiança no amanhã, da fé em Deus, de ser leal aos seus irmãos, às suas convicções, a Deus. Eu não quero e não devo alongar-me mais. Não quero privá-los do brilho do Tevah e do Lia Pires, mil vezes ouvi-los do que continuar escutando a minha arenga, mas permitam-me, por favor, já que a data é tão festiva, a noite é tão diferente e o ambiente é tão propício, permitam-me dizer que o homem está acostumado a pedir demais e agradecer pouco. Eu conheço raríssimas pessoas que, ao abrirem a janela, pela manhã, agradecem o dial de sol que lhes é propiciado ver, ou o pingo de chuva que está falando em bonança. Esquecem de dizer: "Obrigado, Meu Deus, porque estou vivo. Obrigado, meu Deus, porque os meus afetos estão vivos e comigo. Obrigado, Senhor, por mais algumas horas neste mundo. Obrigado por quanto já fiz, porquanto aprendi a não fazer, pela benção de um dia aprender a perdoar”, embora sabendo a grande lição de que perdoar não é esquecer, porque o verdadeiro perdão não gera o esquecimento, gera o exemplo de perdoar outra vez. Quanta gente, Senhor, recorda, ao abrir a janela, que outros não têm janela para abrir; que a nossa bonança pode ser feita a custa da seca de alguém que morre à mingua por não ter um pingo d’água; que o banquete na nossa mesa pode escarrar na miséria de quem morre de fome; que as benesses que Deus nos deu, quem sabe, são lembretes que não fixamos, mas que ainda poderemos fixar para saber que, afinal de contas, se todos temos alguma missão no mundo, por alguma coisa estamos aqui. No entanto, meus amigos, se é raro lembrar disso, não é raro pedir, ao contrário, é trivial, primário, que quem tem mais queira mais, quem já tem o bastante queira mais ainda, que a quem já sobra fortuna essa não baste e que, mesmo fortuna tendo, não se peje em curvar a espinha para agarrar o centavo que corre, descuidadamente, na calçada.

Não lembro de alguém que tenha esquecido Santa Bárbara, quando troveja, ou continue ateu, quando o avião treme um pouco, ou que diga, “Senhor, ajudai-me”. Ajudai-me Senhor a ser humilde, ajudai-me a dizer que essa homenagem não é minha, que essa é de quem me deu a chance de estar aqui, e foram tantos e tantos os que me abriram a porta, que eu cometeria uma injustiça enorme se tentasse elencá-los.

Obrigado, Senhor, porque quando eu me vi na opção de ser livre como homem de imprensa ou de seguir apenas o que equivocadamente chamam "liberdade de empresa", e não de imprensa, eu tive a altivez suficiente de negar a "liberdade de empresa" e continuar livre como homem de imprensa.

Quando entrei na casa de Caldas Júnior, anos depois de ter saído, recordei-me dos primeiros passos que tinha dado no início de minha vida profissional, nos idos de 1951. Em cada canto falava um exemplo. O exemplo de um Arquimedes Fortini, um simples, um homem que nascera para servir; o exemplo brilhante de um João Bergmann, o exemplo de um Rafael Saad, de um Cid Pinheiro Cabral, de um Cândido Norberto, Flávio Alcaraz Gomes e um Arlindo Pasqualini, que eu considero a figura maior que passou pela minha vida de aprendiz. À casa de Caldas Júnior, as minhas palavras finais. Mas sobretudo, amigos, muito obrigado, Senhor, pelas mãos que eu posso estender aos meus amigos; muito obrigado pelas pernas que podem me levar ao encontro dos meus amores; muito obrigado pelos olhos que me permitem descortinar o que eu estou vendo; muito obrigado pelo coração que dizem sede do sentimento, capaz de ser tão grande ao ponto de abrigar todos vocês, e mil perdões, mil perdões, mesmo, por ter ousado falar depois de tantos mestres e me atrevido a dizer mais do que eu pensava ter dito, antes.

Obrigado, meu Presidente. Obrigado, meus Vereadores. Obrigado, meu ninho de democracia, obrigado porque vocês me ensinaram que não existe meia-verdade, que não existe meia-liberdade e que o homem que curva a coluna vertebral, na verdade, não merece ser homem. Foi um privilégio ter estado com vocês!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Meus amigos, nesta semana em que estamos comemorando os 225 anos da nossa Câmara Municipal, já tivemos e continuamos tendo uma série de eventos. Hoje, por exemplo, nós estamos com esta Sessão especialíssima, para comemorar os 225 anos, para homenagear a Semana da Pátria e para entregar estes títulos a estas pessoas notáveis de nossa Cidade, Mendes Ribeiro, Lia Pires e o Daniel Tevah.

No final desta solenidade vou convidá-los a prestigiarem a inauguração de uma exposição intitulada "Perfis Políticos do Rio Grande do Sul" - começando por Meneghetti, passando por Pasqualini vindo até André Forster, que foi um dos Presidentes desta Casa - e se estenderá até o mês de novembro. Essa exposição é um trabalho do Memorial da Casa.

Peço licença para me retirar para dar início a essa exposição.

 

(Assume a Presidência dos trabalhos o Ver. Isaac Ainhorn.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Está com a palavra o Cidadão Emérito de Porto Alegre, Sr. Daniel Tevah.

 

O SR. DANIEL TEVAH: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tive a ousadia de trazer por escrito o que vou falar por dois motivos: primeiro, para ser breve; segundo, para não cometer a ousadia de rivalizar com dois mestres da oratória que são o Dr. Lia Pires e o Mendes Ribeiro, uma rivalidade que, com certeza, só me traria grandes prejuízos, porque eles são incomparáveis nessa arte de falar.

Meus amigos, a vida tem me dado imensas alegrias, uma delas é poder viajar e conhecer novos lugares. Quem viaja muito sabe o quanto isso é apaixonante, quanto mais se viaja mais se tem vontade de viajar. Como amante de viagens, sempre quis entender o motivo dessa paixão, desse fascínio, e, casualmente, descobri na minha última viagem e, agora, a razão me parece tão natural. É óbvio, como não havia entendido isso antes? É claro. Só quem viaja tem o prazer inigualável de poder voltar, de chegar na terra da gente, de voltar para o nosso chão, para o nosso ninho. Só quem viaja pode voltar a Porto Alegre e perceber coisas que, aparentemente, não teriam sentido. Afinal, como explicar racionalmente a sensação que temos, ao pousar o avião, de que o Aeroporto Salgado Filho, de repente, se transforma no mais belo aeroporto do mundo? Ou quando ao sair, temos a certeza absoluta de que o Monumento ao Laçador dá de "10 a zero" na Estátua da Liberdade ou em qualquer Torre Eiffel? Ou quando se está chegando, lá de cima, por incrível que pareça, até o Estádio Beira-Rio pareça-me bonitinho, aliás, quase tão bonito quanto o Olímpico?

Nesse momento, nós percebemos o quanto amamos e apreciamos Porto Alegre com olhos apaixonados, o quanto a Cidade é fascinante e o quanto somos abençoados por viver nela.

Talvez seja por isso, por gostar dessa forma de Porto Alegre que sinta tanto orgulho hoje ao receber o honroso título de Cidadão Emérito, numa lembrança tão generosa do Ver. Paulo Brum e dos demais Vereadores desta Casa. Afinal, ser homenageado pela Cidade que nos viu nascer e onde tenho a dádiva divina de morar com minha família e de compartilhar com tantos e tão queridos amigos é de emocionar qualquer um. Por isso, ao encerrar o meu pronunciamento, quero, mais uma vez, agradecer este gesto de carinho que jamais esquecerei. Se Porto Alegre já morava no meu coração, agora ainda mais.

Espero sempre poder honrar este título, ajudando a tornar a nossa Cidade, cada vez mais, um lugar muito especial para se viver. Obrigado, nobre Ver. Paulo Brum, obrigado, nobres Vereadores de todos os partidos, que me honraram com esta distinção, e obrigado, amigos que me cercam e que fazem o prazer de morar em Porto Alegre ficar ainda maior! Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Oswaldo de Lia Pires está com a palavra.

 

O SR. OSWALDO DE LIA PIRES: (Saúda os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, Srs. funcionários desta Casa, minhas Senhoras e meus Senhores. Há situações e momentos por nós vividos que se tornam quase impossíveis de serem descritos, notadamente, quando carregados na emoção produzida pela alteração endócrino-vegetativa que os acompanha irremediavelmente. Há pouco tempo tive a honra de ser homenageado pela Ordem dos Advogados do Brasil - Secção do Rio Grande do Sul, e naquela ocasião, como nesta, confesso que senti dificuldade na escolha do tema de agradecimento, isto porque, ao lado da nítida noção do significado e dimensão da homenagem, ocorreu-me a cruciante dúvida, ou seja, se tanto fizera por merecê-la. Tranqüilizei-me, por fim, ao creditar a honraria, como faço agora, quando me é outorgado o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, à "idade profissional", aos longos anos percorridos na rota acidentada, mas encantadora, da advocacia; às experiências vividas, cujos resultados procurei transmitir, sempre que possível, aos jovens, dando-lhes as dimensões das incontáveis dificuldades inerentes às atividades dos advogados, sem omitir frustrações, decepções e dissabores, sempre superados, sem dúvida, graças à crença inabalável do império da Justiça, associada à busca perseverante e desassombrada pelo reconhecimento do direito justo.

Empolga-me repetir que ao advogado é reservada dignificante e arriscada missão na luta que se renova a cada dia, a cada momento, quer no cumprimento do mandato que lhe foi outorgado, quer na defesa do próprio estado de direito. Tem ele o dever de enfrentar o arbítrio, sem capitular ou tergiversar; de defender sempre e sem esmorecimento, indiferente a riscos e sacrifícios, os ataques e ofensas aos direitos e às garantias fundamentais das pessoas; manter-se inflexível na defesa da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, fatores e predicados responsáveis pela estabilidade e sobrevivência do regime democrático.

Mas se é verdade que a vida me encanta e a advocacia me empolga, não é menos verdade que Porto Alegre foi sempre meu mundo fascinante e sublime, pródigo em me proporcionar oportunidades de dar vazão a um temperamento irrequieto, afoito e ousado mesmo. Aqui, nesta Cidade que sempre amei, tive a chance de me aventurar a caminhar por rotas diversas, através do tempo, do tempo que não se esquece e que do coração não se afasta.

Tenho presente, ainda, a passagem pelo jornalismo, quando revisor e, posteriormente, repórter do inesquecível "Diário de Notícias", sob o comando do extraordinário jornalista Ernesto Corrêa, amigo que recordo com saudade. Recebia a incumbência de tecer loas às coisas boas da cidade. Tarefa fácil, pois falar de beleza de quem é bela, dos encantos de quem encanta e seduz, enaltecer a acolhida fidalga de quem acolhe com bondade e invulgar hospitalidade, de quem se desprega da inércia e arremete vitoriosa para o futuro, sempre há de se constituir em missão empolgante e de extrema facilidade.

Mas se escrever era muito, todavia, ainda não era o suficiente, era preciso mais, impunha-se falar, transmitir através das palavras o encanto sedutor da Cidade que sempre foi musa inspiradora de poetas e arsenal de escritores. Eis, porque aceitei sedutor convite de Nelson Lança, Diretor da Rádio Difusora de Porto Alegre, a inesquecível PRS 9. E assim, tornei-me seu locutor. Estudante, então, financeiramente acanhado, mas ousado e rico de entusiasmo, posso dizer que quase cantei Porto Alegre em prosa e mesmo em verso.

Oh recordações, impregnadas de ternura, daquelas que aceleram a freqüência cardíaca e nos transportam para o plano altista da personalidade.

Fase inesquecível, somente abandonada quando do meu ingresso na Faculdade de Direito e no corpo docente do precioso Julinho.

A partir daí, a memória me reproduz o estudante de Direito, figura conjugada com a de Professor de Geografia Humana do Brasil no Colégio Estadual Júlio de Castilhos.

Na época, dirigido pelo provecto professor Ubaldino Moura. Educandário primoroso, que recomendava, como recomenda, o ensino praticado no Rio Grande do Sul.

Foi Porto Alegre, ainda, que me inspirou e propiciou o ingresso no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre, o glorioso e sempre querido CPOR, no Curso de Cavalaria. E mais tarde, milionário de orgulho e realizado como aspirante, tive a ventura de estagiar no 13º Regimento de Cavalaria Divisionária, o lendário Regimento Osório, aqui em Porto Alegre.

Como poderia, então, deixar de amar esta Cidade e participar da sua vida?

Praticante do hipismo, no salto, depois no pólo, Presidente da Sociedade Hípica Porto-alegrense e da Federação Hípica do Rio Grande do Sul, juntamente, com meu particular e muito prezado amigo, Jorge Gerdau Johannpeter, desportista de alto quilate e empresário invulgar, e outros mais. Trouxemos para a cidade a realização de campeonatos internacionais e nacionais de Salto e de Polo, nos quais as representações de Porto Alegre ocuparam sempre o pódio das vitórias. Era uma atividade reconfortadora das tarefas árduas da advocacia, mas que apaixonava e embalava sonhos otimistas. Tanto era o entusiasmo que adquiri, quase ao lado da Sociedade Hípica, uma pequena propriedade rural, a que denominei de Granja Nova Belém, hospedando ali os cavalos de polo, bem como desenvolvendo uma cabanha de gado holandês, hobby que alcançou tal êxito que resultou na obtenção de expressivas premiações por anos seguidos para a Nova Belém, que representava Porto Alegre nas exposições do Menino Deus e após no Parque de Esteio, inclusive com recebimento de votos de louvor desta Colenda Casa. Imaginem os Senhores o que representava, cada ano, a premiação da grande campeã da raça holandesa para um animal vacum pertencente a um pequeno estabelecimento situado ao lado da Hípica, quase na zona urbana de Porto Alegre, pertencente a um advogado!

Isso somente era possível porque a cidade oferecia a seu turno, condições para tal e o desportista-cabanheiro tinha o topete de concorrer com os grandes azes da atividade pastoril do Estado. Como poderia deixar de amar Porto Alegre? Ah! Como dá prazer em retroceder um pouco mais no tempo e me encontrar na presidência do Conselho Deliberativo do meu querido Internacional, somando, ano após ano, título de Campeão Gaúcho e até de Campeão Brasileiro. Todo este andar no passado dá ensanchas para exprimir e desvendar o quanto esta Cidade me tem propiciado em momentos de felicidades e de êxitos inesquecíveis.

Pois não é que agora estou a receber um título que jamais imaginara, talvez porque tanto não fizera para merecê-lo, e não imaginara, talvez, porque tanto não fizera para merecê-lo e não imaginara também, porque me considerara, inclusive, filho adotivo de Porto Alegre. Não é que agora passarei a ser Cidadão Honorário! E isso graças a coragem e a bondade do eminente Ver. Isaac Ainhorn, este brilhante e eminente político, que honra esta Casa e teve, repito, a coragem de submeter o meu nome à Colenda Câmara Municipal para tal distinção e maior distinção e maior honra para mim foi aprovado por unanimidade.

Não obstante, torno a repetir que tal honraria deve creditar à "idade profissional", a caminhada por 54 anos na trilha da profissão que me empolga e me dá ganas em viver, mesmo empurrando ladeira acima a pedra da lenda de Sísifo, exaltado por Homero na Odisséia. É bem verdade que tudo com o apoio e a compreensão incondicionais de esposa modelar, companheira de todas as horas, durante 53 anos, bem como de filhos maravilhosos, entre os quais incluo genros e nora, assim como netos igualmente maravilhosos. Não me perdoaria se na hora em que recebo tão distinta homenagem deixasse de reverenciar as memórias de meu pai, Clodoveu de Bittencourt Pires e de meu tio e mestre, Voltaire de Bittencourt Pires, pelo muito que me transmitiram. Da mesma forma, a minha gratidão a Zola Emilio Silva, companheiro de jornada por quarenta anos, a Célio de Lia Pires, e demais irmãos, cunhados e sobrinhos, pelo apoio e tranqüilidade que sempre me proporcionaram.

E agora, a minha gratidão à Colenda Câmara Municipal de Porto Alegre e os efusivos cumprimentos pelos seus 225 anos de profícuos trabalhos na defesa e em prol de Porto Alegre, e ao eminente Ver. Isaac Ainhorn, este pela indicação e àquela pela aprovação do meu nome para a concessão do honroso título honorífico de Cidadão Honorário de Porto Alegre.

Desvanecido estendo o meu reconhecimento a todas as pessoas que prestigiam esta solenidade, a todos sem distinção, as autoridades que aqui compareceram, a toda essa juventude maravilhosa que, com suas vozes, encantaram o auditório, a todos a minha gratidão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Agradeço ao Ver. Isaac Ainhorn por ter-me permitido abrir a exposição “Perfis Políticos de 30 a 90”.

Convido para que, em pé, possamos ouvir o Hino Rio-Grandense, cantado pelo Coral Infantil da Escola de 1º Grau São Luiz.

 

(O Coral Infantil canta o Hino Rio-Grandense.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos e convidamos para que participem de nosso coquetel que será realizado no salão ao lado, em nosso Memorial, quando poderemos visitar a Exposição chamada "Perfis Políticos de 30 a 90". Agradecemos a apresentação do Coral da Escola São Luiz.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h15min.)

 

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