ATA DA TRIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 03.09.1998.
Aos três dias do mês de setembro do ano de mil
novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas,
constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os duzentos e vinte e
cinco anos da Câmara Municipal de Porto Alegre, e a Semana da Pátria
(Requerimento nº 198/98 - Processo nº 2151/98, de autoria da Mesa Diretora), e
à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Oswaldo de
Lia Pires (Projeto de Lei do Legislativo nº 192/97 - Processo nº 3300/97, de
autoria do Vereador Isaac Ainhorn), à entrega do Título Honorífico de Cidadão
Emérito ao Senhor Daniel Tevah (Projeto de Resolução nº 25/98 - Processo nº
1777/98, de autoria do Vereador Paulo Brum), e à entrega do Troféu Destaque
Mário Quintana ao Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro (Projeto de Resolução nº
08/98 - Processo nº 711/98, de autoria do Vereador João Dib). Compuseram a
MESA: os Vereadores Luiz Braz e Isaac Ainhorn, respectivamente Presidente e 1º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati,
Prefeito Municipal de Porto Alegre, em exercício; o Senhor Washington
Gutierrez, representante da Liga de Defesa Nacional; o Coronel Renato Meireles,
Chefe do Estado Maior da Aeronáutica; o Coronel Sérgio Renato Brasil Uberti,
representante do Comando Militar do Sul; o Brigadeiro Sérgio Bambini,
Comandante do 5º Comando Militar da Aeronáutica - COMAR; o Senhor João Gilberto
Lucas Coelho, Secretário Extraordinário para a Metade Sul do Estado; o
Desembargador Érico Barone Pires, representante do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul; os Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e
Jorge Alberto Mendes Ribeiro, Homenageados; o Vereador Juarez Pinheiro, 1º
Secretário da Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé,
ouvirem à execução do Hino Nacional, cantado pelo Coral da Câmara Municipal de
Porto Alegre, e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa.
O Vereador Luiz Braz, em nome da Mesa Diretora e da Bancada do PSB, discorreu a
respeito da importância do papel institucional representado pela Câmara
Municipal de Porto Alegre, ao longo dos seus duzentos e vinte e cinco anos de
existência, e salientou a justeza das homenagens prestadas pela Casa aos
Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro,
afirmando que os Homenageados “representam modelos que temos em nossa
sociedade, que devem ser seguidos”. O Vereador Isaac Ainhorn, como proponente
do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Oswaldo de Lia Pires
e em nome da Bancada do PDT, destacou a relevância do trabalho exercido pelos
Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro nas
suas respectivas áreas de atuação profissional, mencionando, em especial, a militância
do Senhor Oswaldo de Lia Pires como advogado especializado na área do Direito
Penal. O Vereador Paulo Brum, como proponente do Título de Cidadão Emérito ao
Senhor Daniel Tevah e em nome da Bancada do PTB, historiou fatos relativos à
vida pessoal e profissional do Senhor Daniel Tevah, ressaltando a seriedade e a
competência que sempre marcaram as atividades do Homenageado, garantindo-lhe o
reconhecimento de entidades ligadas ao empresariado nacional e internacional. O
Vereador João Dib, como proponente da concessão do Troféu Destaque Mário Quintana
ao Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro e em nome da Bancada do PPB, comentou as
atividades realizadas pelo Homenageado no campo da política e do jornalismo,
afirmando que a concessão deste Troféu ao Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro
“é uma forma de homenagear a quem faz da sua vida profissional uma constante
arte com as palavras, com os pensamentos e com as imagens e fatos do nosso
cotidiano”. A seguir, procedeu-se à apresentação da música “Céu, Sol, Sul”,
cantada pelo Coral da Câmara Municipal de Porto Alegre, sob a regência do
Maestro Bernardo Jean Marie Varriale. Após, deu-se continuidade aos
pronunciamentos dos Senhores Vereadores. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da
Bancada do PPS, manifestando sua alegria em participar da presente Sessão,
referiu-se à antigüidade e importância da Câmara Municipal de Porto Alegre
frente à conjuntura histórica brasileira, tecendo considerações acerca das
atividades realizadas pelos Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge
Alberto Mendes Ribeiro junto aos diversos segmentos da sociedade de Porto
Alegre. O Vereador Gilberto Batista, em nome das Bancadas do PSDB e PFL,
ressaltou a tradição e a respeitabilidade que caracterizam a história deste
Parlamento, construída sobre as bases do debate democrático de idéias. Também,
discorreu a respeito da atuação dos Senhores Oswaldo de Lia Pires, Daniel Tevah
e Jorge Alberto Mendes Ribeiro, afirmando que os Homenageados têm em comum,
apesar da diversidade de suas atividades profissionais, o amor pela Cidade de
Porto Alegre. O Vereador Juarez Pinheiro, em nome da Bancada do PT, manifestou-se
a respeito da importância das comemorações alusivas à Semana da Pátria e
salientou a justeza das homenagens prestadas pela Casa aos Senhores Oswaldo de
Lia Pires, Daniel Tevah e Jorge Alberto Mendes Ribeiro, discorrendo, em
especial, acerca da trajetória política do Senhor Jorge Alberto Mendes Ribeiro
como Vereador desta Cidade e Deputado da Assembléia Nacional Constituinte. O
Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, saudando o transcurso
da Semana da Pátria, analisou o significado dos símbolos nacionais, historiando
fatos relativos à Proclamação da Independência do Brasil e afirmando ser a
conquista da verdadeira independência um processo a ser diariamente
desenvolvido. Em continuidade, procedeu-se à apresentação de coletânea musical,
cantada pelo Coral Infantil da Escola de Primeiro Grau São Luiz, sob a regência
da Professora Marilena Zambom Lima. Após, foi realizada a entrega, por
integrantes do Coral Infantil da Escola de Primeiro Grau São Luiz, de ramalhete
de flores e cartão ao Senhor Presidente, em homenagem ao transcurso dos
duzentos e vinte e cinco anos da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o
Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Washington Gutierrez que, em
nome da Liga de Defesa Nacional, saudou este Legislativo pelo transcurso dos
seus duzentos e vinte e cinco anos de existência e, discorrendo a respeito do
momento histórico vivido pelo Brasil quando da fundação da Liga de Defesa
Nacional, propugnou por uma reflexão acerca dos problemas estruturais e conjunturais
do País, a fim de que sejam buscadas soluções viáveis para os mesmos. Em
continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador João Dib a proceder à
entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Jorge Alberto Mendes
Ribeiro; convidou o Vereador Paulo Brum a proceder à entrega do Título Honorífico
de Cidadão Emérito ao Senhor Daniel Tevah; e convidou o Vereador Isaac Ainhorn
e o Senhor José Fortunati a procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e
da Medalha relativos ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor
Oswaldo de Lia Pires. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos
Senhores Jorge Alberto Mendes Ribeiro, Daniel Tevah e Oswaldo de Lia Pires, que
agradeceram a homenagem recebida. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que
se retiraria momentaneamente da presente Sessão, a fim de participar da
abertura de exposição intitulada “Perfis políticos de 30 a 90 - O pensamento
político em Porto Alegre”, instalada no Salão Adel Carvalho, organizada pelo
Memorial da Casa, tendo assumido a direção dos trabalhos o Vereador Isaac
Ainhorn. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à
execução do Hino Rio-Grandense, cantado pelo Coral Infantil da Escola de
Primeiro Grau São Luiz, e para visitarem a exposição “Perfis políticos de 30 a
90 - O pensamento político em Porto Alegre”, agradeceu a presença de todos e,
nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e
quinze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de
amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz
Braz e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Juarez Pinheiro. Do que eu,
Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Os trabalhos iniciais da presente Sessão
Solene, estão destinados a homenagear os 225 anos da Câmara Municipal de Porto
Alegre, homenagear a Semana da Pátria e, também, para entregar o Título Honorífico
de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires, para entregar o Título Honorífico
de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah, para entregar o Troféu Destaque Mário
Quintana ao Sr. Jorge Alberto Mendes Ribeiro.
Convidamos para compor a Mesa: o Prefeito em exercício, Sr. José Fortunati; o homenageado, Sr. Jorge Alberto Mendes Ribeiro; o homenageado Dr. Oswaldo de Lia Pires; o homenageado, Sr. Daniel Tevah; o representante da Liga de Defesa Nacional, Sr. Washington Gutierrez; o Procurador-Geral da Justiça, Dr. Sérgio Porto; Chefe do Estado Maior da Aeronáutica, Cel. Renato Meireles e o representante do Comando Militar do Sul, Cel. Sérgio Renato Brasil Uberti; o Secretário Extraordinário da Metade Sul do Estado, Sr. João Gilberto Lucas Coelho. O Brig. Sérgio Bambini, Comandante do 5º Comando Militar da Aeronáutica; o Desemb. Érico Barone Pires, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Vamos
dar início a esta homenagem. Convidamos a todos os presentes para, em pé,
ouvirmos o Hino Nacional, interpretado pelo Coral da nossa Câmara Municipal.
(É
executado o Hino Nacional pelo Coral da Câmara Municipal.)
Solicito
ao Ver. Isaac Ainhorn que assuma a Presidência dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O SR. LUIZ BRAZ: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Primeiramente, quero dizer que é uma honra muito grande poder
receber na Casa do Povo de Porto Alegre tantas pessoas representativas da nossa
sociedade.
É
uma honra para nós podermos estar realizando esta Sessão Solene na semana em
que estamos comemorando os 225 anos de vida da Câmara Municipal e também a
Semana da Pátria. E, numa ocasião tão especial como esta, termos a oportunidade
de estar prestando várias homenagens a cidadãos que deram tanto por Porto
Alegre, a pessoas que são tão representativas para todos nós.
Os
oradores que vão falar pelas diversas Bancadas vão enaltecer os nossos
homenageados, eu vou apenas citá-los, até por tudo aquilo que eles representam
para mim.
Eu
não nasci em Porto Alegre, vim para cá em 1975, estou aqui há 23 anos. E quando
cheguei aqui na Capital comecei a conhecer as pessoas, conhecer aquelas que
eram mais representativas, principalmente dentro do meu campo de trabalho.
Desde os 13 anos de idade trabalhava como apresentador de rádio. Lembro-me de
que quando cheguei na Cidade, em 1975, já era motivo de muito orgulho, naquela
época, fazer parte da equipe da Rádio Gaúcha.
Uma
das pessoas que logo aprendi a conhecer e aprendi a admirar foi exatamente um
dos homenageados no dia de hoje, o nosso amigo Jorge Alberto Mendes Ribeiro. E
sentíamos, naquela época, muita timidez para encarar aquelas pessoas que
cruzavam com a gente nos corredores das emissoras e nos locais onde íamos. A
admiração que todos tinham pelo grande homem de comunicação, Jorge Alberto
Mendes Ribeiro! Nós aprendemos a ouvir o Mendes Ribeiro, a admirá-lo, como
homem de comunicação e como cidadão sempre disposto a encarar as lutas que lhe
aparecessem, para que pudéssemos ter uma melhor sociedade. E, assim, eu passei
esse tempo em que estou aqui em Porto Alegre admirando o Mendes Ribeiro.
Hoje
eu dizia a ele do orgulho que tenho em estar aqui na Presidência da Câmara
Municipal de Porto Alegre podendo recebê-lo em um dia muito especial em que a
sociedade de Porto Alegre se reverencia diante desse grande homem de
comunicação para homenageá-lo. Uma homenagem extremamente justa, um
reconhecimento que nós já devíamos ao Mendes Ribeiro há bastante tempo. E é um
orgulho para nós tê-lo aqui.
Eu
não preciso gastar muitas palavras para falar da admiração que a nossa sociedade,
e nós que cursamos uma escola de Direito, temos pela figura exemplar do Dr. Lia
Pires. Ele é um modelo para todos os advogados ou para aqueles que apreciam o
mundo do Direito e, principalmente, para os admiradores deste filão do Direito
Penal. Ele é o grande mestre que todos nós temos, o grande mestre que a
sociedade aprendeu a admirar. Hoje, a nossa sociedade, representada por esta
Câmara de Vereadores, sente-se bastante honrada em homenageá-lo.
Todas
as homenagens partem sempre de um dos Vereadores, mas é uma homenagem de toda a
Casa, de toda a sociedade, porque, afinal de contas, os 33 Vereadores são
representantes de toda a sociedade porto-alegrense.
Isso
não é diferente com o nosso terceiro homenageado, porque todos eles foram
escolhidos a dedo para que pudessem, hoje, estar figurando nesta Sessão
especial que comemora os 225 anos da Câmara Municipal. O nosso amigo Daniel
Tevah, com a sua inteligência, com a sua perspicácia, com o seu dinamismo, tem
servido de exemplo para todos aqueles que querem, dentro desse grande mercado
que temos no nosso Estado e na nossa Cidade, ter sucesso.
É claro que estou falando só em termos de referência a essas pessoas que serão homenageadas, cada um deles, pelos oradores que virão a esta tribuna. A minha missão maior, hoje, aqui, é falar sobre os 225 anos da nossa Câmara Municipal. Sexta-feira passada, eu estava neste mesmo Plenário, repleto de pessoas que vieram para ver um escritor norte-americano, um brasilianista, Thomas Skidmore. Ele fez uma brilhante palestra, empolgou as pessoas, mas no início eu falava para ele que nós estávamos comemorando os 225 anos da nossa Câmara Municipal. Ele olhava para o prédio e dizia: "Bem conservado." É claro que estávamos fazendo uma brincadeira, estávamos falando da nossa instituição, que tem vida desde 1773 com a vinda dos cinco primeiros Vereadores para a Cidade de Porto Alegre.
A história da democracia, nesta Cidade, se inicia nesta época, 1773, com o começo da vida deste Legislativo. De lá para cá este Legislativo já ocupou diversos prédios físicos em nossa Cidade, um deles, ali onde se situa o nosso Tribunal de Justiça. O prédio tinha a arquitetura bem parecida com o Theatro São Pedro, seu vizinho. Depois do incêndio, a Câmara Municipal se retirou de lá e o prédio foi reconstruído, desde então dando abrigo ao Tribunal de Justiça do Estado. Comecei meu primeiro mandato em 1982, na chamada Prefeitura Nova, nos últimos andares. Saímos de lá pelo mesmo motivo, a possibilidade de um incêndio que poderia ocorrer e os Vereadores serem todos presos numa armadilha que aquele prédio poder-se-ia transformar. Saímos de lá e ficamos algum tempo no Centro de Cultura, na época em que o Prefeito da Cidade era o Dr. Alceu Collares. Depois mudamos para este prédio.
Há doze anos, desde 1986, estamos instalados aqui. De lá para cá temos lutado muito para que as dependências possam abrigar o Legislativo com todas as suas necessidades maiores, que consistem em poder se comunicar de uma maneira melhor com a sociedade e deixar que esta possa vir aqui e se comunicar conosco de uma maneira livre, fazendo com que essa interação origine leis e medidas que melhorem a nossa sociedade. Nós temos conseguido isso, através da modernização, da informatização, deste Plenário, que começou a funcionar no ano passado, de todas as dependências desta Casa, que conseguimos oferecer aos vários segmentos da população e também a todos aqueles que querem fazer alguma promoção visando ao bem-estar da população para que possamos estar, constantemente, com essa sociedade, que precisa de legislativos fortes.
Nós procuramos fazer com que a representação que existe aqui na Câmara Municipal, com trinta e três Vereadores, seja a melhor possível e trabalhe constantemente no sentido de que a democracia que existe possa ser fortalecida, baseando-se no trabalho que este Legislativo realiza. Acredito que isso tem muito a ver com a Semana da Pátria, que estamos comemorando. Nós, que lutamos tanto para que a democracia possa se revigorar, para que ela possa ser conservada e melhorada, na realidade, essa luta que efetuamos se realiza em prol da Pátria. Nós, que lutamos contra aqueles que são inimigos dessa idéia de democracia, dessa idéia de homens livres, que lutamos contra todas essas pessoas, estamos, na verdade, lutando para que tenhamos uma melhor Pátria, uma melhor sociedade.
Para nós, esta semana é muito especial, porque ela mistura essas comemorações, os 225 anos da Câmara Municipal, a Semana da Pátria - acredito que essas homenagens se entrelaçam - e a homenagem a pessoas significativas em nossa sociedade. O Dr. Lia Pires, Mendes Ribeiro e Daniel Tevah representam modelos que temos em nossa sociedade que devem ser seguidos. Esses três homens que hoje estão aqui e que são homenageados por nossa Câmara Municipal e pela nossa sociedade representam aquilo que precisamos fazer para que a nossa sociedade se transforme em outros "Lia Pires", outros "Mendes Ribeiro" e outros "Daniel Tevah", todas pessoas que lutam, que estudam e que trabalham para que possamos ter dias melhores, sociedade melhor, mais igualitária, mais justa e uma pátria bem mais forte, que depende do trabalho que realizamos para que a democracia possa estar sempre fortalecida.
Muito
obrigado pela presença de todos. É uma honra poder recebê-los, senhoras e
senhores, e espero que possamos estar juntos nesse trabalho constante de
reconstrução da sociedade brasileira, de construção dessa democracia, que está
um tanto enfraquecida, mas que, com todos nós, tenho certeza absoluta, será
fortalecida no nosso dia-a-dia. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos, para fazer parte da Mesa, o
Sr. Secretário Extraordinário da Metade Sul Dr. João Gilberto Lucas Coelho.
Convidamos, também, o Comandante do 5º COMAR Brigadeiro Sérgio Bambini e o
Desembargador Érico Barone Pires, representante do Tribunal de Justiça.
(Palmas.)
Está
com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn, que fala em nome do PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa.) Nesta
oportunidade quero dizer da emoção que sinto na condição de Vereador desta
Cidade. Confesso que essa homenagem, Destaque Mário Quintana, que é concedido a
esta figura extraordinária, jornalista, advogado, Jorge Alberto Mendes Ribeiro,
Cidadão Emérito, ao empresário Daniel Tevah e a esta figura singular da advocacia
rio-grandense, agora Cidadão de Porto Alegre, o Dr. Oswaldo de Lia Pires.
É uma situação diferente que vive esta Casa,
pois normalmente o título enriquece os homenageados, mas, neste momento, as
homenagens que são prestadas enriquecem a Casa. Sinto-me extremamente
emocionado e comovido ao ver nesta Casa essas figuras extraordinárias, cada uma
em seu campo de atuação.
Daniel
Tevah, eu tenho dez anos a mais que tu, somos mais jovens, e neste momento tu
estás recebendo o reconhecimento da tua Cidade como Cidadão Emérito de Porto
Alegre. Temos também aqui duas figuras que são a própria história, presença
viva da nossa contemporaneidade, figuras que crescemos ouvindo falar.
Eu
evoco sempre uma manhã fria, em junho de 1958. Estávamos na frente da nossa escola,
Colégio Júlio de Castilhos, e todos ouvíamos com atenção a transmissão do
Mendes Ribeiro, da Suécia. A sua presença é uma instituição viva da nossa
sociedade, da nossa Porto Alegre e do nosso Rio Grande. A iniciativa do Ver.
João Dib de conferir-lhe esse Destaque é extremamente feliz, singular, e honra
e enobrece esta Casa com a sua presença. Daniel Tevah, jovem empresário,
determinado, combativo, organizado, líder na sua categoria, na sua atividade
empresarial, um empresário que vai à luta, que acredita na sua estrutura,
empregando mecanismos modernos, em termos de recursos humanos, na condução dos
seus negócios. Por último, enalteço a figura daquele a quem tive a iniciativa
de prestar a homenagem, o sempre jovem advogado Oswaldo de Lia Pires, porque ele
é exemplo, é referência para todos os advogados rio-grandenses e brasileiros no
comportamento retilíneo, correto, honrado, digno no exercício da advocacia.
Procuro
até usar um pouco de eloquência para, na minha condição também de advogado
neste momento, tentar chegar próximo a essas figuras que aprendi, na minha vida
de jovem estudante, a respeitar: Mendes Ribeiro e Dr. Oswaldo de Lia Pires. O
programa de qualquer acadêmico de Direito nas décadas de 50, 60 - concluí o meu
curso em 1969 - na busca de um aprendizado do exercício do Direito Penal, era
assistir aos desempenhos do Dr. Oswaldo de Lia Pires no Tribunal do Júri. Se
fôssemos definir o nosso homenageado, o nosso montenegrino que hoje recebe o
reconhecimento daquilo que, de fato, já existia, que era a sua condição de
porto-alegrense honorário, hoje, por lei e por reconhecimento desta Casa,
apenas a ele é conferido a condição de direito, porque, a de fato, ele já
possuía, de Cidadão de Porto Alegre. Este é o reconhecimento, Dr. Oswaldo De
Lia Pires, como bem disse o Presidente desta Casa, da Câmara Municipal por seu
incansável trabalho no aperfeiçoamento das instituições jurídicas na vida do
nosso País. A presença dos seus amigos e familiares significa o reconhecimento
de toda uma trajetória, de todo aquela escola de advocacia, na área do Direito
Penal, que remonta aos idos de 1930 e 1940, da época do grande penalista
Voltaire Pires, cuja linhagem o senhor se filia.
Se
de um lado eu sei da sua felicidade de viver e de estar entre os seus, do seu
sucesso profissional, mas a trajetória das nossas vidas também apresentam
situações invencíveis e de dores que permanecem presentes para toda a nossa
vida. Nós passamos a acreditar mais na vida com a sua presença e a presenças do
Jorge Alberto Mendes Ribeiro, porque os senhores são, sobretudo, uma lição de
vida com a profissão que fazem pela vida. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra
como proponente do Título de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah e pela Bancada
do PTB.
O SR. PAULO BRUM: (Saúda os componentes da Mesa.) É um
momento, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras que nos visitam
na tarde de hoje, em que falar dos homenageados, é dizer tudo aquilo que, com
certeza, o povo de Porto Alegre, o povo do Rio Grande e quiçá do Brasil, já
reconhecem quanto a sua história, o seu trabalho e as suas qualificações. O
Ver. Isaac Ainhorn, proponente da homenagem ao Dr. Lia Pires, com certeza, já
fez as suas colocações. Na homenagem ao Sr. Jorge Alberto Mendes Ribeiro também
o Ver. João Dib, com certeza, irá fazer as suas colocações. Mas sinto-me
extremamente honrado em poder propor essa homenagem a um jovem empresário, o
Sr. Daniel Tevah. A proposição, com certeza, foi minha, mas o aval foi dos
trinta e três Vereadores desta Casa que diz do reconhecimento deste Legislativo
pela sua atuação, pela sua vida de dedicação e uma vida de vitória.
Daniel
Tevah nasceu em Porto Alegre no dia 1º de janeiro de 1957. É formado em
Administração de Empresa, em Administração Pública, formado em inglês no
Instituto Cultural Brasileiro Norte Americano, Daniel Tevah tem mais de
sessenta cursos de especialização, realizados no Brasil e no Exterior.
Começou
jovem, ainda cedo, a sua atuação na vida profissional da Empresa de sua
família, aos quatorze anos de idade. Hoje é o Diretor de Marketing da Empresa
Tevah, que congrega mais de 650 funcionários nas áreas industrial e comercial.
A
Tevah, sobre o braço forte desse jovem e determinado empresário, hoje é
considerada a maior empresa. Foi a empresa de lojas com maior crescimento de
vendas do setor, sendo atualmente a líder do segmento de moda masculina no
Estado do Rio Grande do Sul.
Daniel
Tevah foi Presidente da ADVB (Associação Dirigentes de Vendas do Brasil), Vice-Presidente
de marketing do Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense. Diretor do Sindicato dos
Lojistas, Diretor do CDL (Clube dos Diretores Lojistas), Conselheiro dos SPC
(Serviço de Proteção ao Crédito), Membro do Comitê Superior de Planejamento
Estratégico da ADVB/RS, Presidente do IEE (Instituto de Estudos Empresariais),
Eleito pelo Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul como
"O Administrador do Ano". Eleito pela UNISINOS - Universidade do Vale
dos Sinos -, como “Estrategista do Ano”; recebeu da Associação de Jovens
Empresários de Porto Alegre o troféu "Lição do Ano"; Troféu “Lojista
do Sul”, como Empresa Destaque do Comércio do Rio Grande do Sul.
A
sua atuação em entidades de grande porte e sua formação profissional, por si só
demonstram a sua competência e o grande saber na arte industrial e na arte
comercial do bem-vestir.
É,
com certeza, um ilustre e notável empresário no segmento da moda masculina no
Estado do Rio Grande do Sul.
Seu
espirito empreendedor, como foi colocado, desde os 14 anos de idade, dedica-se
aos negócios de sua família, o que vem garantindo a solidez dessa poderosa
Empresa, que congrega mais de 650 funcionários.
Por
isso, meu querido amigo Daniel, é com muita honra que propus a esta Casa e tive
o aval dos 33 Vereadores, para que V. Exa. recebesse no dia de hoje a homenagem
do Legislativo, do povo de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, que fala
como proponente do Troféu Mário Quintana, que será entregue ao Jornalista Jorge
Alberto Mendes Ribeiro. Fala, também, pela bancada do PMDB.
O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Estranhos são os caminhos da vida. Como poderia eu quando, pela
primeira vez na vida, encontrei a figura de Mendes Ribeiro, em 1945, com uma
pequena caderneta na mão, com poesias e com letras de músicas, lá no Colégio
Júlio de Castilho, 1º ano, em sala de aulas diferentes. Mas achei interessante
aquele jovem, com aquela caderneta, e passei a cuidá-lo pelo resto da vida.
Como poderia eu pensar que um dia estaria no Plenário da Câmara do Povo de
Porto Alegre a homenageá-lo, em uma Sessão especialíssima, a primeira que se
realiza nesse estilo. Como disse o Presidente: foram bem escolhidos, Oswaldo de
Lia Pires, Mendes Ribeiro e Daniel Tevah.
Representam,
sim, a coletividade. As ciências com Oswaldo Lia Pires, as comunicações com o
Mendes Ribeiro, o comércio e a indústria com o Daniel Tevah, a educação com o
Mendes Ribeiro e com o Lia Pires. A política inclusive representada pelo nosso
querido Mendes Ribeiro.
Na
realidade, passados tantos anos, aquele jovem que me impressionou à primeira
vista, eu posso dizer com tranqüilidade, não me decepcionou, sempre me deu
razão de alegria. E hoje eu me sinto muito feliz aqui nesta tribuna
homenageando-o. Tudo começou, Mendes Ribeiro, no ano passado, quando esta
Câmara completava 50 anos, a partir da reabertura, porque durante 10 anos no
Estado Novo ela esteve com suas portas fechadas. E eu dizia que nós
precisávamos trazer aqui alguém que tivesse marcado esta Casa com a sua
presença. E escolhi o Ver. Mendes Ribeiro, da década de 60, porque tinha um
filho com o mesmo nome, que tinha honrado, também, esta Casa. E eu dizia que
era importante que o experiente Mendes Ribeiro trouxesse a sua palavra nos 50
anos da nova Câmara. Hoje, estamos comemorando 225 anos. E realmente a coisa
evoluiu. Nós achamos que era muito pouco permitir que o Mendes Ribeiro falasse
nos nossos 50 anos, e mereceu, porque é um homem de premissas, merecia uma
premissa a mais na sua vida, que era receber pela primeira vez o Prêmio de
Jornalismo Mário Quintana.
Este
é o reconhecimento da comunidade porto-alegrense a profissionais ligados a área
de comunicação social que realizam, ainda que nos bastidores desses veículos, a
arte de bem informar a arte de comunicar e expressar nossa cultura. Esta é uma
forma de homenagear a quem faz da sua vida profissional uma constante arte com
as palavras, com os pensamentos, e com as imagens e fatos do nosso cotidiano. E
Mendes Ribeiro fez tudo isso. Mendes Ribeiro, um homem determinado, um homem
absolutamente correto nas suas posições, livre nos seus pensamentos e que é um
destaque. Ele deve ter feito esforço, porque ninguém se destaca sem esforço;
mas esse destaque está em todas as suas atividades: o Vereador, o Jornalista, o
Locutor esportivo, o Político, o Professor, o Advogado, o amigo, a criatura
humana. Hoje mesmo, sabendo que Mendes Ribeiro era o homenageado, eu recebi
dois telefonemas de pessoas que queriam que eu transmitisse o carinho que elas
têm por realizações que, talvez, o Mendes Ribeiro nem lembre mais, mas que
mostra a criatura humana que ele é, a criatura que se preocupa com seus
semelhantes e que procura dar de si o melhor.
Eu
vou dizer aqui, já que falamos em tantas premissas, e o Mendes Ribeiro é o
homem das premissas, eu tenho quase 28 anos de Câmara Municipal, a primeira voz
da Rádio Guaíba foi a do Mendes Ribeiro; mas, pela primeira vez, em 28 anos, eu
vi o Flávio Alcaraz Gomes numa Sessão da Câmara Municipal, por certo para
trazer o abraço para o Mendes Ribeiro com quem ele também começou na Rádio
Guaíba. Realmente, o Mendes Ribeiro soube deixar amigos por onde passou e isso
é muito importante.
Se
o Mendes Ribeiro iniciasse o seu programa na Rádio, ele diria:
"Desejo-lhes paz." Eu encerro sempre o meu pronunciamento da mesma
maneira, só que hoje, em especial, à Marlene e ao Mendes Ribeiro eu digo: saúde
e paz. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ouviremos agora o Coral da Câmara
Municipal de Porto Alegre que cantará a música "Céu, Sol, Sul", sob a
regência do Maestro Bernardo Jean Marie Varriale.
(É
feita a apresentação do Coral.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra
em nome da Bancada do PPS.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa.) Eu quero agradecer a inversão da ordem dos oradores
que me permite falar em primeiro lugar, em face de um compromisso de
Comunicador. Eu não poderia deixar de vir trazer o meu abraço pessoal aos
homenageados desta tarde, ressaltar a importância que tem para a Cidade os 225
anos desta Câmara, e a Semana da Pátria que temos que cultuar com intensidade.
Para
fazer um rápido retrospecto e uma referência, a Câmara Municipal de Porto
Alegre é anterior à independência americana, anterior à Revolução Francesa e
anterior à Inconfidência Mineira; tal é a sua trajetória histórica. Nós aqui,
nesse canto do mundo, cultuamos, nesta semana, 225 anos de atividade política
em prol de uma sociedade que, se não aprendeu ainda a querer a sua Câmara de
Vereadores, tem nela, efetivamente, o repositório de suas aspirações. Aqui é a
Casa do povo porto-alegrense.
Vou
referir-me aos homenageados. Daniel Tevah representa aquilo que já foi dito em
um instante de inspiração do Ver. Paulo Brum, propondo o título de cidadania. O
Dr. Lia Pires é uma figura que quem vive nesta Cidade aprendeu a conhecer, ele
é o homem das lides advocatícias no campo criminal. Não há cidadão desta Cidade
que não tenha ouvido falar no Dr. Oswaldo de Lia Pires, como aquela figura
retilínea, capaz e, sobretudo, um advogado que honra a sua profissão.
Quero
deter-me um pouco mais em meu companheiro Mendes Ribeiro. Nós não nos
conhecemos aqui nesta Casa, mas antes, no campo da comunicação, temos uma longa
trajetória cumprida juntos. Nunca trabalhamos na mesma emissora, mas aprendemos
a nos respeitar, cada um em seu lugar, em seu ponto de atuação. Nesta Casa, o
Mendes Ribeiro ocupou a vereança pela primeira vez, em 1964, na Bancada do MTR,
que era formada de quatro Vereadores, dois deles ainda vivos: Ábio Hervé e
Mendes Ribeiro, sendo que os outros dois faleceram: Comissário Bergman e Glênio
Peres. Por força de circunstâncias advindas do Movimento Militar de 1964, eu
ocupei uma cadeira de titular nesta Casa, em 12.05.1964. O Mendes Ribeiro havia
assumido antes, cumprindo uma parte do seu mandato de Vereador, depois foi
trabalhar na comunicação e, mais tarde, foi Deputado Federal, todos conhecem a
sua trajetória política que foi brilhante, sendo que no Parlamento Nacional foi
Constituinte. Isso lhe dá uma credencial de muita proeminência.
Mas
eu quero ressaltar o papel do comunicador, como cidadão político. Nós,
comunicadores, temos essa condição. Numa terra em que há uma carência de
condicionamentos políticos para o exercício da nossa atividade parlamentar, os
comunicadores são os buscados para esse mister, e muitos de nós fomos parar nas
tribunas parlamentares. Por razões óbvias, nós, os comunicadores, que somos os
especialistas em tudo e não somos formados em nada, temos essa condição de
apreendermos as aspirações da sociedade e de fazê-las públicas, de
transmiti-las, de costurar uma série de acordos de possibilidades de andar para
a frente. Nós, comunicadores, estamos enxergando o mundo de amanhã. É isso que
nos dá essa condição, e temos que fazer com que isso sirva para a sociedade.
Hoje, infelizmente, há muito comunicador se servindo. Notem bem a expressão:
"se servindo". Mas a nossa missão é “servir” à comunidade que representamos,
porque temos uma credibilidade pública que os outros homens públicos raramente
têm. Nós comparecemos diariamente diante dos microfones, diante das câmaras de
televisão, nas páginas de jornais com a nossa opinião, com a nossa visão de
sociedade, com a nossa perspectiva de andar para a frente. É isso que nos
distingue. E o Mendes Ribeiro é um representante autêntico dessa geração de
comunicadores que se educou com essa perspectiva.
Infelizmente,
as coisas hoje estão mudando. O mundo está mudando. Mas eu quero crer que não
mudaremos. Chegamos a um estágio de vida em que não se muda impunemente de
rumo. A nossa trajetória nos imprime esse papel e nos impulsiona para diante.
Mendes
Ribeiro, o Prêmio Mário Quintana é de uma significação muito especial. O Ver.
João Dib foi muito sábio ao propô-lo, porque o homenageado e o que dá o nome à
homenagem merecem a consideração desta Cidade. O velho Mário, se estivesse
vivo, estaria aqui, claro que não na condição de patrono, mas aplaudindo o
prêmio que o Mendes Ribeiro pudesse receber e que está recebendo.
A
cidade se engrandece numa ocasião como esta, porque, como disse um dos oradores
que me precedeu, às vezes, o homenageado é que engrandece o prêmio que recebe.
E, hoje, a Câmara Municipal de Porto Alegre, que daqui a dois ou três dias
comemora 225 anos, se engrandece com a possibilidade de poder retribuir este
serviço ao Mendes Ribeiro, ao Daniel Tevah, ao Dr. Oswaldo de Lia Pires. Muito
obrigado pela oportunidade que me dá de dizer publicamente o quanto Mendes Ribeiro
significa para Porto Alegre, assim como o Dr. Oswaldo de Lia Pires e o Daniel
Tevah. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Gilberto
Batista, que fala pela Bancada do PSDB
e PFL.
O SR. GILBERTO BATISTA: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Na realidade são cinco os homenageados desta tarde festiva, nesta
Casa do Povo de Porto Alegre. Quero parabenizar todos os funcionários desta
Casa e também a Mesa Diretora, através da pessoa do Presidente desta Casa, pela
passagem dos 225 anos de existência da Câmara Municipal de Porto Alegre e
também parabenizo os responsáveis pela organização das atividades desenvolvidas
nesta semana para marcar esta data deste Parlamento de muita tradição e de muita
respeitabilidade.
Nós,
os 33 Vereadores desta Casa, fomos delegados pelo povo de Porto Alegre e todos
nós com o auxílio do corpo funcional desempenhamos diversas atividades
legislativas e muitas vezes desempenhamos atividades sociais em nossos
gabinetes atendendo a inúmeras reivindicações, todas vindas da nossa sociedade
porto-alegrense.
Muitas
vezes, desta tribuna, Sr. Presidente, realizamos debates sobre temas de extrema
importância para a nossa Cidade e, é neste local que aprovamos ou não projetos
de extrema importância para a rotina da nossa Cidade. Aqui muito trabalhamos,
Ver. João Dib, para a nossa valorosa Cidade.
Mas
a tarde é festiva e não teria data melhor para prestarmos estas homenagens para
homens que trabalham em busca da perfeição, da honestidade e da determinação.
Três pessoas em campos totalmente diferentes como já foram mencionados, mas com
algo em comum, a nossa cidade de Porto Alegre e, é por isso, que também votei
favoravelmente a essas três homenagens de hoje, por realizações prestadas à
nossa Cidade. Os oradores que me antecederam já falaram quase tudo sobre essas
três personalidades. Eu, um jovem de 35 anos, Vereador de 1ª Legislatura, não
pensaria também, Dr. Lia Pires, que pudesse vir aqui, Dr. Mendes Ribeiro, Dr.
Daniel, para prestar-lhes essa
homenagem. Deus colocou-me esse destino, como o Ver. Dib; muito menos eu
pensaria que estaria aqui neste momento, homenageando-os e tendo a atenção dos
Senhores para este breve pronunciamento.
Faço
a minha humilde saudação, Dr. Lia Pires, dizendo que, para mim, o Senhor é o
maior advogado que este Estado e o Brasil têm e acredito que não vamos ter
outro igual ao Senhor.
Quero
dizer ao ex-Deputado, Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro, que nunca
acompanhei a sua trajetória em comunicação, mas, sim a sua atividade
parlamentar como Deputado Federal e tenho orgulho de, hoje, estar aqui
reverenciando V. Exa. O jovem empresário Daniel Tevah, todos conhecem através
da sua empresa, através da sua competência, determinação e afinco, pois essa é uma empresa que possui mais de 650
funcionários. Quero parabenizar a todos, em especial ao Presidente Luiz Braz,
pois tenho orgulho de ser comandado por V. Exa. nesta gestão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra pela Bancada do PT.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Há dias de muitos dias e dias de dias
nenhum. Hoje é um dia de muitos dias. Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.)
Mendes
Ribeiro, lembro-me de uma poesia: "Acorda de madrugada, não esperes o fim
da noite, a preguiça é uma paz que enlouqueceu, só tira o brilho da alegria e a
força da paixão". A solenidade dos 225 anos da Câmara Municipal de Porto
Alegre também tem o objetivo de comemorar a Semana da Pátria e faz com que
tenhamos um dia, - como disse o Ver. João Antônio Dib -, especialíssimo, que
vai se reproduzir, é um dia de muitos dias. Por furo de um jornalista, colega
de um dos nossos homenageados, soube, às 16h30min, que seria eu o encarregado,
com muita honra, de falar em nome do Partido dos Trabalhadores. Não vou dizer
que estou emocionado, porque não estou, mas posso dizer que estou muito honrado
de falar em meu nome e em nome da Bancada, especialmente em nome do Ver.
Antônio Losada, que me pede que eu faça, quando da minha intervenção, alusão e
transmita um abraço ao Mendes Ribeiro.
Filho
de torneiros mecânicos, alguns sons me restam, os sons mais remotos, que me
reportam para o som da Maria-Fumaça, quando vinha de Canoas para Porto Alegre,
junto com meus pais que trabalhavam nas fábricas Renner. Lembro os sons de
1958, de Vavá, de Coutinho, de Pelé, começando; de 1962, quando Mendes Ribeiro,
emocionado, cantava os gols de Amarildo, que substituía Pelé, que estava
lesionado. Isso é importante e isso me traz emoção, mas quero lembrar de coisas
mais importantes!
Eu quero, neste momento, lembrar do Mendes
Ribeiro jornalista, acima de tudo, porque essa é a sua profissão. Jornalista
que nunca se submeteu a nada; jornalista que nunca deixou que a sua consciência
fosse abafada pelos interesses dos seus patrocinadores, pelos interesses de
quem lhe dava emprego nos órgãos de comunicação. Eu quero lembrar de Mendes
Ribeiro Vereador. Por alguma coisa que sei, alguns detalhes, sei que foi um bom
Vereador; sei que foi Presidente da Comissão de Finanças; sei que foi
importante; sei que teve coluna vertebral, coluna que não se vergou, e o fez,
inclusive, renunciar ao mandato que havia legitimamente alcançado com base na
vontade popular. E acompanhei, muito, o trabalho do Mendes Ribeiro como
Deputado Federal Constituinte, quando se elegeu, em 1986, com a maior votação
que um Deputado Federal já teve neste Estado, e de novo fez uma excelente
votação, e faria quantas quisesse, só que não quis continuar, porque ele é
jornalista e quis voltar a ser jornalista.
Por
isso, eu, que falei com Mendes Ribeiro apenas uma vez - ele, por certo, nem
lembra, numa viagem que fazia a Brasília eu o encontrei no avião - por isso quero dizer que me sinto muito
orgulhoso de que esta Casa tenha este dia tão especial. Este é o dia em que
pela primeira vez fazemos, neste Plenário de uma casa que completa 225 anos de
funcionamento, uma Sessão com tantas pessoas, com tantas personalidades, como
são os homenageados: o Mendes Ribeiro, o Sr. Daniel Tevah, que com seu trabalho
produz e gera emprego nesta Cidade e neste Estado, o Dr. Lia Pires, figura
reconhecida não só no meio jurídico deste Estado, mas de todo País. E, neste
momento, tenho a alegria de poder compor um Parlamento que é referência
nacional, um Parlamento que tem na sua história figuras como Alberto André, que
homenageamos na Sessão Ordinária de ontem, que tem, hoje, na sua composição,
trinta e três Vereadores da melhor qualidade, uma Câmara que está aberta
diariamente às nossa escolas, fazendo aqui suas sessões com as escolas de 1º e
2º graus onde, por certo, estamos gerando, também, os próximos representantes
populares, lideranças deste Estado e deste País.
Portanto,
assim como o fiz com Mendes Ribeiro, a quem tive essa rara oportunidade de
dirigir algumas palavras num momento tão importante, eu quero também homenagear
os dois outros Cidadãos desta Cidade: Sr. Daniel Tevah, e o nobre advogado, meu
colega, que tanto honra a advocacia deste Estado, Lia Pires.
Mas
quero, também, aproveitar esta oportunidade para saudar os funcionários desta
Casa e dizer aos que nos visitam que esta, realmente, é uma Casa de trabalho,
uma Casa com uma representação política importante, um Parlamento, como já
disse, referência deste Estado e que tem os seus trabalhadores também
referência, pela sua dedicação e pela qualidade do seu trabalho.
Nós
queremos mesmo é ouvir as pessoas que hoje homenageamos, e eu não quero me
alongar. Mas nós vivemos neste País, hoje, momentos extremamente difíceis. Eu
já desfilei em sete de setembro como estudante; quando prestava meu serviço
militar, desfilei em sete de setembro, em homenagem à Pátria. Neste sete de
setembro não estarei desfilando, mas eu espero que a população deste País
esteja toda ela marchando para uma tomada de consciência de que nós não podemos
nos submeter à idéia de que a globalização é o único caminho. A globalização
não significa nada mais nada menos do que a recolonização do Brasil e dos
países do Terceiro Mundo.
Quero
aproveitar este momento, independentemente de qualquer viés de ordem
ideológica, para chamar a atenção de que está sendo gestado, no âmbito da OCDE,
da Organização Mundial do Comércio, há dois anos, um acordo chamado Acordo
Multilateral de Investimento, que coloca as multinacionais acima das nações,
acima dos países, que faz com que os países percam a sua soberania em prol dos
monopólios privados. Isso não tem coloração ideológica, isso significa,
senhores e senhoras, soberania nacional, coluna que não se verga, como não se verga
a coluna do nosso homenageado Mendes Ribeiro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal,
pelo PPB.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Tive como incumbência saudar alguma coisa mais importante do que
todos os Senhores: a Pátria. Escolhi para iniciar esta minha arenga uma carta.
Uma carta escrita por Moniz Barreto a El Rei de Portugal - porque a pátria é
formada por militares e civis, ninguém tem dúvida disso.
Diz
a carta, uma bela página da literatura que vou ler, embora os senhores hão de
querer que eu a termine:
"Senhor,
umas casas existem no vosso reino, onde homens vivem em comum, comendo do mesmo
alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, ao toque de corneta, se levantam
para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam, obedecendo. Da
vontade, fizeram uma renúncia, como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício,
desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados, mesmo, são generosos,
facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande, que os poetas não
se cansam de celebrar. Quando eles passam, juntos, fazendo barulho, os corações
mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente os conhece
por militares...” Porque por definição o militar de guerra é um homem nobre, e
quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai a coragem e à sua direita, a
disciplina."
Meus Senhores, esta é uma carta escrita por
Moniz Barreto, em 1893, a El-Rei de
Portugal. Não posso continuar, porque ela é extensa.
Cabe-me
saudar a Semana da Pátria. E nós, militares - e nisso me incluo -, no silêncio
da caserna cultivamos os símbolos nacionais, faz parte da profissão. Estão
citados no art. 13 da Constituição Federal, parágrafo 1º, os símbolos
nacionais: a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas da República e os
Selos Nacionais, estendendo aos estados e municípios uma prerrogativa de também
terem símbolos.
Por
isso o Presidente da Casa, Ver. Luiz Braz, instituiu, neste plenário, no dia 31
de agosto, os três símbolos, que V. Exas. não devem ter notado, cujo esplendor
deu um toque de graça, de imponência a este salão. Ali, naquela tribuna, está o
símbolo folclórico do gaúcho, no centro, as armas do Rio Grande, e aqui, abaixo
de mim, o brasão da Câmara Municipal. E a Liga de Defesa Nacional abre as
cortinas do passado para as evocações desta semana. Tiro de canhões saúdam por
todas essas bandas o bastão da brasilidade. Tochas ardentes, de mão em mão,
conduzidas por milhares de atletas, não sei quantos e onde estão, vão acender
uma pira em um lugar qualquer do Brasil. E o que seria do homem se não tivesse
símbolos? Repito, aqui, a minha arenga da última vez em que estive na tribuna,
e os Vereadores já estão cansados de ouvir isto: o que seria de nós se não
tivéssemos símbolos e valores? São significações. É a primeira comunhão; é o
casamento; é a formatura; é a entrega de certificados de operários que se
engalanam; colegiais alegres no hastear de uma bandeira em um pátio de qualquer
colégio, ou no pódio ao som do Hino Nacional. Não pertence aos militares essa
primazia, nem eles têm essa pretensão. Apenas na caserna o culto é diário, por
isso tem uma certa magia, mas os símbolos são civis. Nesta semana as coisas se
acendem, esta é a Semana da Pátria. São clarinadas, canhões, esquadrões de
cavalaria, autoridades, imprensa, povo, culto à pátria. Parece que, com
sofreguidão, todos percebemos o quanto fomos omissos.
Nosso
Estado é mais afortunado. Não tem Semana da Pátria, tem o "Mês da Pátria".
É que dois invulgares indivíduos, Caxias e Bento Gonçalves, vencendo os
desacertos, sepultando paixões, cavalgaram juntos em defesa do solo pátrio,
depois de uma série de desencontros. Com esses símbolos comuns, o farol da
liberdade cedeu lugar ao Hino Nacional.
O
Imperador de duas pátrias, o jovem irrequieto e fogoso D. Pedro I, realizara
uma independência ao seu jeito. Só D. Pedro I poderia fazer uma independência
como a do Brasil. Não tenham dúvidas. Sincero, rude, arrebatado, amigo dos seus
amigos, transitava mais pelas cavalariças do palácio do que pelos seus próprios
salões. Exímio cavaleiro, pouco voltado aos livros, emocional, com alma de
músico, sentara ao piano e compusera o Hino da Independência.
Imaginem!
Vá lá se entender esse homem! Mas não tinha vocação para traidor. Jogou por
terra, todavia, as cores de Portugal e, num brado inesperado e improvisado,
escolheu as cores que vieram a ser as cores nacionais: o verde e o amarelo. De
nada valeriam os Andradas, de nada valeria Feijó, a própria Maçonaria, se D.
Pedro não fosse como era: indomável. Proclamar uma independência impossível,
jogando por terra as cores de Portugal e a sua própria família, imaginem!
Mas
a Independência é um processo, começa no ato, todavia tem que ser diariamente
conquistada por um povo heterogêneo, como o nosso, inculto, como o nosso. Em
certos lugares, com estações climáticas antagônicas ao mesmo tempo. No Ceará eu
coloquei calção de educação física e no Rio Grande do Sul, japona!
Não
é fácil, principalmente, a independência econômica. O mundo de hoje, a nossa
frente, atravessa crises inexplicáveis, incompreensíveis até para os letrados,
para os versados em assuntos econômicos. Os economistas só explicam mas não
resolvem, pois os fatos já se deram.
Tudo
exige soluções, pede um comportamento para esses solavancos que estremecem o
mundo numa vertente econômica. Se não tivermos um pensamento coletivo, unido a
um desprendimento pessoal para resolvê-los, de nada valerá toda a inteligência
aprimorada de um segmento pequeno da sociedade brasileira a buscar uma solução
para 90% de um Brasil necessitado. Que Deus nos ajude! Diante dessas ondas
gigantes, dessas ondas rainhas, de economia indecifrável, dita economia
globalizada, porque não sabemos outro nome, onde os capitais particulares têm
mais força que as nações, as nações poderosas do mundo político, desafiando
quem as discipline, livrando-nos, se Deus quiser, de sustos diários, de uma
vida de incertezas. Que Deus nos ajude! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Teremos agora a apresentação do Coral
Infantil da Escola de 1º Grau São Luiz, que cantará uma coletânea de músicas de
Porto Alegre, sobre a regência da Profa. Marilena Zambom Lima.
(É
feita a apresentação do Coral.) (Palmas.)
(Os
alunos de 1º Grau da Escola São Luiz entregam um ramalhete de flores e um
cartão ao Sr. Presidente.)
O SR. PRESIDENTE: Eu vou ler aqui a mensagem trazida pelos
alunos da Escola de 1º Grau São Luiz:
"Alguns
sentimentos revestem-se de tanta nobreza que deveriam ser eternizados em bronze
ou imortalizados em versos. Entre esses sentimentos colocamos a fraternidade.
Embora
não havendo laços de sangue, o que une a Escola de 1º Grau São Luiz e a Câmara
Municipal de Porto Alegre é, com certeza, um sentimento nascido de longa data,
mas oficializado apenas em 1997, quando esta Casa se dignou a homenagear a
nossa Escola pela passagem de seus oitenta anos de fundação. Hoje, laços de
afeto torna-nos entidades irmãs. Por isso, como forma de retribuir o carinho
recebido, a Diretoria, a Associação de Pais e Mestres, alunos, professores e
funcionários da Escola de 1º Grau São Luiz prestam uma modesta homenagem à
Câmara de Vereadores, seus integrantes e funcionários, pela passagem dos 225
anos de dedicação à comunidade.
Esperamos que o eco das vozes dos alunos da
Escola seja uma doce presença, que se faça eterna aos seus ouvidos e que as
flores que ofertamos possam colorir um pouco mais os seus caminhos em busca de
sábias decisões.
Sinceramente,
com carinho e com afeto, Irmã Anna Inez Toigo, Diretora, e Pedro Paulo Araújo,
Presidente da APM".
Muito
obrigado à Escola de 1º Grau São Luiz. Agradeço de coração. (Palmas.)
O
Sr. Washington Gutierrez está com a palavra e falará pela Liga de Defesa
Nacional (LDN).
O SR. WASHINGTON GUTIERREZ: (Saúda os presentes.) Quero saudar
especialmente essas crianças, porque sei que nos emocionamos, e o coração de
todos nós, adultos, estão voltados para elas como a coisa mais preciosa que
temos neste local.
Inicialmente,
em nome da Liga da Defesa Nacional, transmitimos nossas saudações pelas justas
comemorações dos 225 anos desta Casa do Povo de Porto Alegre, bem como nosso
agradecimento pelo que ela tem feito, ao longo de tão expressivo período de
vida, em prol desta comunidade. A Liga de Defesa Nacional (LDN) sente-se
honrada em estar aqui presente nesta Sessão Solene em que a Câmara, como sempre
o faz, está homenageando a Pátria Brasileira.
Fundada
em 7 de setembro de 1916, a LDN surgiu com a finalidade de unir os irmãos
brasileiros em torno do amor à Pátria, naquele momento em que a Nação estava
traumatizada e os ânimos exaltados, em vista da equivocada histeria positivista
que criou, provisoriamente, em 1889, a República, prometendo, timidamente,
realizar um plebiscito, o qual, já sem real significado, aconteceu somente após
mais de 100 anos de tropelias, massacres, empastelamento de jornais, propaganda
unilateral e outras violências. É comovente ler-se a Ata número 1, de fundação
da Liga, na qual Olavo Bilac registra as sérias divergências existentes e o
perigo de desmembramento da Pátria, e apela para a unidade, para o amor e pelo
ardor cívico em prol do engrandecimento do Brasil.
Assim,
aqui está a Liga defendendo a integridade territorial e a integração nacional;
promovendo a formação moral da pessoa humana em todas as suas dimensões;
prestigiando a cultura e os valores nacionais, estimulando a juventude em
campanhas, concursos e eventos cívicos; defendendo o amor à Justiça e o culto
do patriotismo; estimulando o estudo e o amor à História do Brasil e às nossas
tradições; atuando junto à classe empresarial e instituições culturais no
sentido da publicação de livros e folhetos e de patrocínio de atividades
cívico-patrióticas; e colaborando com os governos na prestação de serviços a
ela inerentes.
Sem
dúvida, esta é uma semana de festas, de comemorações, de exultação. Mas é,
também, um momento de reflexão sobre os grandes problemas que afligem o Brasil
nas áreas da Educação, Saúde, Habitação, Emprego, Distribuição da Renda,
Trânsito, Transporte, Agricultura, Indústria, Segurança, Justiça, Moralidade
individual, coletiva, empresarial, política, governamental; e tantos outros.
Permitam-se,
uma reflexão sobre um grão de areia nesse cômoro de problemas: o engarrafamento
do trânsito aqui em Porto Alegre. Sou assíduo usuário da Av. Protásio
Alves/Osvaldo Aranha, há mais de meio século. Nos primeiros tempos, o
congestionamento ocorria, numa pequena hora do pique, na altura da Praça Otávio
Rocha; depois, com o passar dos anos, o engarrafamento veio descendo em direção
ao bairro, mais ou menos na seguinte seqüência: Praça da Igreja da Conceição,
Instituto de Educação, Hospital de Pronto Socorro, Rua Vicente da Fontoura,
rótula da Carlos Gomes; e agora já acontece desde a Rua João Bastian, junto à
antiga Gaúcha Car, com o agravante de que a hora do pique não é mais aquele
simples momento de então, mas perdura por várias horas do dia.
Estamos
perdendo esta batalha, com sérias conseqüências para a qualidade de vida dos
porto-alegrenses, pois o que testemunho na Av. Protásio Alves, certamente
ocorre também em muitas outras vias da cidade.
Parece-me
que a aplicação das regras convencionais de Engenharia de Trânsito já esgotaram
as possibilidades de resolver a situação. Por outro lado, preocupa-me o
surgimento de várias grandes indústrias nos municípios vizinhos de Porto
Alegre. Isto me leva a crer que dentro de no máximo 10 anos, teremos esta
Cidade e toda a região metropolitana "entupidas".
Não
sendo técnico no assunto, estou apenas fazendo uma reflexão. Por isso, julgo de
bom alvitre que Vereadores, Secretários Municipais, Prefeito e Vice, líderes
empresarias e outros, reunam-se e
procurem afanosamente soluções heterodoxas tais como planejamento familiar, incentivos
para o refluxo dos grandes centros urbanos, obras viárias subterrâneas e
aéreas, etc.
Conforme
preconiza a Liga da Defesa Nacional apelamos para os sentimentos patrióticos
dos nobres Vereadores no sentido de que afastando qualquer interesse sectarista
trabalhem unidos com dedicação e devoção para resolver, enquanto é tempo,
enquanto há tempo, este e outros tantos problemas deste importante pedaço do
torrão brasileiro que é a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. João Dib, o Ver. Paulo
Brum, a Dona Marlene e o Ver. Isaac Ainhorn para fazerem a entrega dos títulos
aos homenageados.
De acordo com o que já foi dito pelos diversos oradores, o Ver. João Dib é o proponente da homenagem ao Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro. O Ver. João Dib procede à entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro.
(É
feita a entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Jornalista Jorge Alberto
Mendes Ribeiro.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. Paulo Brum, para fazer a
entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah.
(É
feita a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Daniel Tevah.)
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. Isaac Ainhorn para fazer a
entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires.
(É feita a entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Prefeito em exercício, Dr.
José Fortunati, a fazer a entrega da Medalha de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de
Lia Pires.
(É
feita a entrega da Medalha de Porto Alegre ao Dr. Oswaldo de Lia Pires.)
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: É claro que chegamos ao momento
principal desta solenidade, porque todos os Vereadores usaram as palavras que
conseguiram para enaltecer os nossos homenageados, mas, por mais palavras que
utilizassem, apesar do talento de todos eles, não conseguiriam traduzir aquilo
que a nossa sociedade realmente pensa a respeito desses três homenageados que
hoje estão aqui honrando esta Casa. É evidente que, numa data tão importante
para nós, os 225 anos da Câmara Municipal e na Semana da Pátria, realmente fica
muito difícil, para os mais brilhantes oradores, falarem de tudo aquilo que
está acontecendo nesta semana, Ver. Pedro Américo Leal, sem deixar de omitir
detalhes que são importantes na vida de cada um desses que estão sendo
homenageados nesta semana. É por isso que os que estão presentes estão
realmente querendo ouvir os homenageados. O primeiro a ocupar a tribuna é um
dos grandes mestres da palavra, o jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro.
(Palmas.)
O SR. JORGE ALBERTO MENDES RIBEIRO: Sr. Presidente da Câmara de Vereadores
de Porto Alegre, em V. Exa. eu saúdo a presença de todas as demais autoridades
que nos honram nesta ocasião.
Minha
mulher, minha doce Marlene, companheira de tantas e tantas coisas que vivemos
e, se Deus quiser, viveremos, muito obrigado por estares ao meu lado. Teresinha
e Elisabeth, minhas filhas que aqui estão representando a Maria Alice, que não
pode estar, e o Jorge Alberto que, por motivos óbvios, anda pelo Rio Grande, um
beijo muito agradecido por colocarem em meu caminho mais uma chance de vê-las
presentes na oportunidade em que lembram de mim para coisas tão agradáveis, eu
diria inesquecíveis.
Meus
colegas da Rádio Guaíba, que o Dr. Carlos Ribeiro, nosso Diretor, represente-os
para que nele eu possa sintetizar, não apenas o agradecimento por vocês estarem
aqui, como a oportunidade de trabalhar em uma casa onde aprendi a ser livre e
onde ganhei a chance de continuar sendo livre mesmo quando muitos não apostaram
ou ainda não apostam nos homens que, como disse o filósofo: "Pensam, logo
existem."
Crianças que eu ouvi com enlevo e a
responsabilidade de, num estágio avançado da vida ouvir cantar, apenas quando a
vida começa, coisas tão lindas falando de amor que o homem, sei lá por que,
parece que enquanto se cresce vai-se deixando de lado, esquecendo, tornando a
um segundo lugar.
Meus
amigos, desta tribuna comecei uma carreira que se juntou a outras duas,
político, advogado, comunicador, eu sintetizaria isso na benção de meio milhão
de votos, que guardo com carinho, dificilmente reproduzível em palavras.
De
qualquer sorte, perguntava-me eu, enquanto me dirigia dali para cá, mas já
falaram tantos e tão bem, outros falarão melhor ainda, como te atreves a
dirigir a palavra em meio deles? E eu me lembrava de alguém perdido nas páginas
bíblicas, que ao ser questionado, se falaria depois de ter ouvido o mestre,
teria respondido:" mas se ninguém falasse depois do mestre, ou se ninguém
tivesse falado antes dele, o mundo não teria ouvido ninguém." Perdoem-me,
pois, os mestres que já falaram, e perdoem-me aqueles que falarão logo após, a
ousadia de ocupar o microfone.
Meus
amigos, dizer que não pensei no que vou dizer é a verdade, a vida transmitiu-me
o hábito de deixar falar o sentimento, porque sempre entendi que se a gente não
deixar passar o sentimento, acaba não dizendo nada, ora é tolhido por um
limite, ora é brecado por outro, mas se o sentimento não aflora, e a gente tem
vontade de falar em amor e sentir medo de ser piegas, se a gente é tocado pela
fé e fica em dúvida de não ser entendido, as pessoas acabam não sendo o que
são, não externando aquilo que deveriam externar. E veio-me à lembrança,
estranhamente, a fábula do lobo e do cordeiro, todos a conhecem. O lobo vivia
embaixo e o cordeiro em cima, não gostou o lobo, morreu o cordeiro.
Inverteram-se os papéis, mas valeu a desculpa do mais poderoso e mesmo com os
papéis invertidos, tornou a morrer o cordeiro e tornou a safar-se o lobo.
Será
que a fábula traduzia apenas o sentido de matar e de morrer. E o que é mais
triste, a convicção de sobreviver apenas o mais forte e não quem, também, tinha
o direito de continuar vivendo. Porque alguém tem que nascer lobo e alguém tem
que nascer cordeiro? E porque os lobos hão de matar os cordeiros? E porque os
cordeiros haverão de permitir, a vida inteira, serem mortos pelos lobos?
Será
que em meio às alcatéias não surgirá um só, e apenas um, capaz de ter a coragem
de dizer aos seus semelhantes: “Ei, não é assim, há água no mundo para todos,
há tantas vertentes, mas tantas, que são superiores ao número de alcatéias que
existem no mundo”?
Será
que não existirá um só cordeiro, um só, capaz de dizer àqueles que compõem o
seu rebanho: “mas, nós não podemos continuar morrendo em vão. Não podemos
continuar nascendo, marcados para morrer, transmitindo aos nossos filhos, aos
nossos netos, aos que vierem depois de nós, que esta é a nossa sina, este é o
nosso destino”. E que tudo está bem assim. Lobos gerarão lobos, formar-se-ão
alcatéias. Cordeiros gerarão cordeiros, formar-se-ão rebanhos. E as alcatéias
destruirão os rebanhos e os rebanhos não terão como reagir.
Meus
amigos, se eu tivesse que escolher entre nascer lobo e nascer cordeiro, ficaria
em uma opção, que, por ser tão difícil de tomar, entregaria ao Senhor. Por que
eu não poderia nascer lobo com a missão de dizer aos meus pares, mesmo correndo
o risco da minha vida, pois essa teria a minha missão no mundo: hei, é tempo de
parar, é tempo de notar que entre alcatéia existe amor; que as mães amamentam
os filhos, que os pais guardam as tocas. Enfim, que os lobos não são maus com
todos. Por que não poderia eu nascer lobo assim, com a missão precípua de falar
de amor e não falar de morte, mesmo que ao fim eu morresse e nascesse outros,
com pensamentos diferentes. Mas, se o Senhor desejasse e me fizesse cordeiro,
eu gostaria de dizer a quantos pudesse, que começassem a morrer com dignidade;
e que cada um que fosse sacrificado, a pregação que tivesse sido feita, tão bem
tivesse sido feita, que ela fosse transmitida de um para outro até que a reação
começasse tímida, depois nem tão tímida assim, e depois capaz de mostrar que o
amor que existe entre os cordeiros também poderia servir de exemplo ao amor dos
lobos.
Dr.
Oswaldo de Lia Pires, V. Exa. fez defesas inesquecíveis e portou-se
magnificamente nas vezes em que esteve do outro lado da tribuna. Em qualquer
das duas ocasiões, V. Exa. pregou o amor. O amor à Justiça. O amor à sociedade.
O amor à vitória final de quem é bom, de quem é justo, de quem confia em alguma
coisa superior ao imediatismo dos homens.
Meu
caro Daniel Tevah, eu dizia ainda há pouco, e não exagerava, que hoje a família
Tevah é um pouco da minha família também, porque o mestre Israel tem sido tão
pródigo na sua distribuição de amor que reparte as suas reuniões de fim de ano
comigo, com minha esposa e com meus filhos.
Pródiga
foi a Câmara de Vereadores em permitir que a minha falta de talento e brilho
fosse coberta pelo brilho e pelo talento dos meus amigos. Eu sou muito grato a
esta Câmara, onde iniciei a minha vida parlamentar. Mas sou mais grato ainda
pela chance de, na comemoração de seus 225 anos, estar ocupando esta tribuna
para falar em amor, para falar em fé, para falar em justiça, para falar em um
homem que, apesar dos pesares, ainda tem tempo para se lembrar de outros homens
e dizer: "Ei, irmão, eu lembrei-me de ti e outros lembraram também!".
E lembramos em momentos de amor, e lembramos em momentos de paz.
Ver.
João Dib, antes de mais nada, meu irmão, sabes que os homens públicos marcam
seus eleitores. Tuas marcas andam sempre comigo. Quando me lembro de exemplo de
retidão, de coragem, de garra, de amor à vida, de confiança no amanhã, da fé em
Deus, de ser leal aos seus irmãos, às suas convicções, a Deus. Eu não quero e
não devo alongar-me mais. Não quero privá-los do brilho do Tevah e do Lia
Pires, mil vezes ouvi-los do que continuar escutando a minha arenga, mas
permitam-me, por favor, já que a data é tão festiva, a noite é tão diferente e
o ambiente é tão propício, permitam-me dizer que o homem está acostumado a
pedir demais e agradecer pouco. Eu conheço raríssimas pessoas que, ao abrirem a
janela, pela manhã, agradecem o dial de sol que lhes é propiciado ver, ou o
pingo de chuva que está falando em bonança. Esquecem de dizer: "Obrigado,
Meu Deus, porque estou vivo. Obrigado, meu Deus, porque os meus afetos estão
vivos e comigo. Obrigado, Senhor, por mais algumas horas neste mundo. Obrigado por
quanto já fiz, porquanto aprendi a não fazer, pela benção de um dia aprender a
perdoar”, embora sabendo a grande lição de que perdoar não é esquecer, porque o
verdadeiro perdão não gera o esquecimento, gera o exemplo de perdoar outra vez.
Quanta gente, Senhor, recorda, ao abrir a janela, que outros não têm janela
para abrir; que a nossa bonança pode ser feita a custa da seca de alguém que
morre à mingua por não ter um pingo d’água; que o banquete na nossa mesa pode
escarrar na miséria de quem morre de fome; que as benesses que Deus nos deu,
quem sabe, são lembretes que não fixamos, mas que ainda poderemos fixar para
saber que, afinal de contas, se todos temos alguma missão no mundo, por alguma
coisa estamos aqui. No entanto, meus amigos, se é raro lembrar disso, não é
raro pedir, ao contrário, é trivial, primário, que quem tem mais queira mais,
quem já tem o bastante queira mais ainda, que a quem já sobra fortuna essa não
baste e que, mesmo fortuna tendo, não se peje em curvar a espinha para agarrar
o centavo que corre, descuidadamente, na calçada.
Não
lembro de alguém que tenha esquecido Santa Bárbara, quando troveja, ou continue
ateu, quando o avião treme um pouco, ou que diga, “Senhor, ajudai-me”.
Ajudai-me Senhor a ser humilde, ajudai-me a dizer que essa homenagem não é
minha, que essa é de quem me deu a chance de estar aqui, e foram tantos e
tantos os que me abriram a porta, que eu cometeria uma injustiça enorme se
tentasse elencá-los.
Obrigado,
Senhor, porque quando eu me vi na opção de ser livre como homem de imprensa ou
de seguir apenas o que equivocadamente chamam "liberdade de empresa",
e não de imprensa, eu tive a altivez suficiente de negar a "liberdade de
empresa" e continuar livre como homem de imprensa.
Quando
entrei na casa de Caldas Júnior, anos depois de ter saído, recordei-me dos
primeiros passos que tinha dado no início de minha vida profissional, nos idos
de 1951. Em cada canto falava um exemplo. O exemplo de um Arquimedes Fortini,
um simples, um homem que nascera para servir; o exemplo brilhante de um João
Bergmann, o exemplo de um Rafael Saad, de um Cid Pinheiro Cabral, de um Cândido
Norberto, Flávio Alcaraz Gomes e um Arlindo Pasqualini, que eu considero a
figura maior que passou pela minha vida de aprendiz. À casa de Caldas Júnior,
as minhas palavras finais. Mas sobretudo, amigos, muito obrigado, Senhor, pelas
mãos que eu posso estender aos meus amigos; muito obrigado pelas pernas que
podem me levar ao encontro dos meus amores; muito obrigado pelos olhos que me
permitem descortinar o que eu estou vendo; muito obrigado pelo coração que
dizem sede do sentimento, capaz de ser tão grande ao ponto de abrigar todos
vocês, e mil perdões, mil perdões, mesmo, por ter ousado falar depois de tantos
mestres e me atrevido a dizer mais do que eu pensava ter dito, antes.
Obrigado,
meu Presidente. Obrigado, meus Vereadores. Obrigado, meu ninho de democracia,
obrigado porque vocês me ensinaram que não existe meia-verdade, que não existe
meia-liberdade e que o homem que curva a coluna vertebral, na verdade, não
merece ser homem. Foi um privilégio ter estado com vocês!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Meus amigos, nesta semana em que estamos
comemorando os 225 anos da nossa Câmara Municipal, já tivemos e continuamos
tendo uma série de eventos. Hoje, por exemplo, nós estamos com esta Sessão
especialíssima, para comemorar os 225 anos, para homenagear a Semana da Pátria
e para entregar estes títulos a estas pessoas notáveis de nossa Cidade, Mendes
Ribeiro, Lia Pires e o Daniel Tevah.
No
final desta solenidade vou convidá-los a prestigiarem a inauguração de uma
exposição intitulada "Perfis Políticos do Rio Grande do Sul" -
começando por Meneghetti, passando por Pasqualini vindo até André Forster, que
foi um dos Presidentes desta Casa - e se estenderá até o mês de novembro. Essa
exposição é um trabalho do Memorial da Casa.
Peço
licença para me retirar para dar início a essa exposição.
(Assume
a Presidência dos trabalhos o Ver. Isaac Ainhorn.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Está com a palavra o Cidadão Emérito de
Porto Alegre, Sr. Daniel Tevah.
O SR. DANIEL TEVAH: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Tive a ousadia de trazer por escrito o que vou falar por dois
motivos: primeiro, para ser breve; segundo, para não cometer a ousadia de rivalizar
com dois mestres da oratória que são o Dr. Lia Pires e o Mendes Ribeiro, uma
rivalidade que, com certeza, só me traria grandes prejuízos, porque eles são
incomparáveis nessa arte de falar.
Meus
amigos, a vida tem me dado imensas alegrias, uma delas é poder viajar e
conhecer novos lugares. Quem viaja muito sabe o quanto isso é apaixonante,
quanto mais se viaja mais se tem vontade de viajar. Como amante de viagens,
sempre quis entender o motivo dessa paixão, desse fascínio, e, casualmente,
descobri na minha última viagem e, agora, a razão me parece tão natural. É
óbvio, como não havia entendido isso antes? É claro. Só quem viaja tem o prazer
inigualável de poder voltar, de chegar na terra da gente, de voltar para o
nosso chão, para o nosso ninho. Só quem viaja pode voltar a Porto Alegre e
perceber coisas que, aparentemente, não teriam sentido. Afinal, como explicar
racionalmente a sensação que temos, ao pousar o avião, de que o Aeroporto
Salgado Filho, de repente, se transforma no mais belo aeroporto do mundo? Ou
quando ao sair, temos a certeza absoluta de que o Monumento ao Laçador dá de
"10 a zero" na Estátua da Liberdade ou em qualquer Torre Eiffel? Ou
quando se está chegando, lá de cima, por incrível que pareça, até o Estádio
Beira-Rio pareça-me bonitinho, aliás, quase tão bonito quanto o Olímpico?
Nesse
momento, nós percebemos o quanto amamos e apreciamos Porto Alegre com olhos
apaixonados, o quanto a Cidade é fascinante e o quanto somos abençoados por
viver nela.
Talvez
seja por isso, por gostar dessa forma de Porto Alegre que sinta tanto orgulho
hoje ao receber o honroso título de Cidadão Emérito, numa lembrança tão
generosa do Ver. Paulo Brum e dos demais Vereadores desta Casa. Afinal, ser
homenageado pela Cidade que nos viu nascer e onde tenho a dádiva divina de
morar com minha família e de compartilhar com tantos e tão queridos amigos é de
emocionar qualquer um. Por isso, ao encerrar o meu pronunciamento, quero, mais
uma vez, agradecer este gesto de carinho que jamais esquecerei. Se Porto Alegre
já morava no meu coração, agora ainda mais.
Espero
sempre poder honrar este título, ajudando a tornar a nossa Cidade, cada vez
mais, um lugar muito especial para se viver. Obrigado, nobre Ver. Paulo Brum,
obrigado, nobres Vereadores de todos os partidos, que me honraram com esta
distinção, e obrigado, amigos que me cercam e que fazem o prazer de morar em
Porto Alegre ficar ainda maior! Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Oswaldo de Lia Pires está com a
palavra.
O SR. OSWALDO DE LIA PIRES: (Saúda os componentes da Mesa.) Srs.
Vereadores, Srs. funcionários desta Casa, minhas Senhoras e meus Senhores. Há
situações e momentos por nós vividos que se tornam quase impossíveis de serem
descritos, notadamente, quando carregados na emoção produzida pela alteração
endócrino-vegetativa que os acompanha irremediavelmente. Há pouco tempo tive a
honra de ser homenageado pela Ordem dos Advogados do Brasil - Secção do Rio
Grande do Sul, e naquela ocasião, como nesta, confesso que senti dificuldade na
escolha do tema de agradecimento, isto porque, ao lado da nítida noção do
significado e dimensão da homenagem, ocorreu-me a cruciante dúvida, ou seja, se
tanto fizera por merecê-la. Tranqüilizei-me, por fim, ao creditar a honraria,
como faço agora, quando me é outorgado o Título Honorífico de Cidadão de Porto
Alegre, à "idade profissional", aos longos anos percorridos na rota
acidentada, mas encantadora, da advocacia; às experiências vividas, cujos
resultados procurei transmitir, sempre que possível, aos jovens, dando-lhes as
dimensões das incontáveis dificuldades inerentes às atividades dos advogados,
sem omitir frustrações, decepções e dissabores, sempre superados, sem dúvida,
graças à crença inabalável do império da Justiça, associada à busca
perseverante e desassombrada pelo reconhecimento do direito justo.
Empolga-me
repetir que ao advogado é reservada dignificante e arriscada missão na luta que
se renova a cada dia, a cada momento, quer no cumprimento do mandato que lhe
foi outorgado, quer na defesa do próprio estado de direito. Tem ele o dever de
enfrentar o arbítrio, sem capitular ou tergiversar; de defender sempre e sem
esmorecimento, indiferente a riscos e sacrifícios, os ataques e ofensas aos
direitos e às garantias fundamentais das pessoas; manter-se inflexível na
defesa da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, fatores e predicados responsáveis pela estabilidade
e sobrevivência do regime democrático.
Mas
se é verdade que a vida me encanta e a advocacia me empolga, não é menos
verdade que Porto Alegre foi sempre meu mundo fascinante e sublime, pródigo em
me proporcionar oportunidades de dar vazão a um temperamento irrequieto, afoito
e ousado mesmo. Aqui, nesta Cidade que sempre amei, tive a chance de me
aventurar a caminhar por rotas diversas, através do tempo, do tempo que não se
esquece e que do coração não se afasta.
Tenho
presente, ainda, a passagem pelo jornalismo, quando revisor e, posteriormente,
repórter do inesquecível "Diário de Notícias", sob o comando do
extraordinário jornalista Ernesto Corrêa, amigo que recordo com saudade.
Recebia a incumbência de tecer loas às coisas boas da cidade. Tarefa fácil,
pois falar de beleza de quem é bela, dos encantos de quem encanta e seduz,
enaltecer a acolhida fidalga de quem acolhe com bondade e invulgar
hospitalidade, de quem se desprega da inércia e arremete vitoriosa para o
futuro, sempre há de se constituir em missão empolgante e de extrema
facilidade.
Mas
se escrever era muito, todavia, ainda não era o suficiente, era preciso mais,
impunha-se falar, transmitir através das palavras o encanto sedutor da Cidade
que sempre foi musa inspiradora de poetas e arsenal de escritores. Eis, porque
aceitei sedutor convite de Nelson Lança, Diretor da Rádio Difusora de Porto Alegre,
a inesquecível PRS 9. E assim, tornei-me seu locutor. Estudante, então,
financeiramente acanhado, mas ousado e rico de entusiasmo, posso dizer que
quase cantei Porto Alegre em prosa e mesmo em verso.
Oh
recordações, impregnadas de ternura, daquelas que aceleram a freqüência
cardíaca e nos transportam para o plano altista da personalidade.
Fase
inesquecível, somente abandonada quando do meu ingresso na Faculdade de Direito
e no corpo docente do precioso Julinho.
A
partir daí, a memória me reproduz o estudante de Direito, figura conjugada com
a de Professor de Geografia Humana do Brasil no Colégio Estadual Júlio de
Castilhos.
Na
época, dirigido pelo provecto professor Ubaldino Moura. Educandário primoroso,
que recomendava, como recomenda, o ensino praticado no Rio Grande do Sul.
Foi
Porto Alegre, ainda, que me inspirou e propiciou o ingresso no Centro de
Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre, o glorioso e sempre querido
CPOR, no Curso de Cavalaria. E mais tarde, milionário de orgulho e realizado
como aspirante, tive a ventura de estagiar no 13º Regimento de Cavalaria
Divisionária, o lendário Regimento Osório, aqui em Porto Alegre.
Como
poderia, então, deixar de amar esta Cidade e participar da sua vida?
Praticante
do hipismo, no salto, depois no pólo, Presidente da Sociedade Hípica
Porto-alegrense e da Federação Hípica do Rio Grande do Sul, juntamente, com meu
particular e muito prezado amigo, Jorge Gerdau Johannpeter, desportista de alto
quilate e empresário invulgar, e outros mais. Trouxemos para a cidade a
realização de campeonatos internacionais e nacionais de Salto e de Polo, nos
quais as representações de Porto Alegre ocuparam sempre o pódio das vitórias.
Era uma atividade reconfortadora das tarefas árduas da advocacia, mas que
apaixonava e embalava sonhos otimistas. Tanto era o entusiasmo que adquiri,
quase ao lado da Sociedade Hípica, uma pequena propriedade rural, a que
denominei de Granja Nova Belém, hospedando ali os cavalos de polo, bem como
desenvolvendo uma cabanha de gado holandês, hobby que alcançou tal êxito que
resultou na obtenção de expressivas premiações por anos seguidos para a Nova
Belém, que representava Porto Alegre nas exposições do Menino Deus e após no
Parque de Esteio, inclusive com recebimento de votos de louvor desta Colenda
Casa. Imaginem os Senhores o que representava, cada ano, a premiação da grande
campeã da raça holandesa para um animal vacum pertencente a um pequeno
estabelecimento situado ao lado da Hípica, quase na zona urbana de Porto
Alegre, pertencente a um advogado!
Isso
somente era possível porque a cidade oferecia a seu turno, condições para tal e
o desportista-cabanheiro tinha o topete de concorrer com os grandes azes da
atividade pastoril do Estado. Como poderia deixar de amar Porto Alegre? Ah!
Como dá prazer em retroceder um pouco mais no tempo e me encontrar na
presidência do Conselho Deliberativo do meu querido Internacional, somando, ano
após ano, título de Campeão Gaúcho e até de Campeão Brasileiro. Todo este andar
no passado dá ensanchas para exprimir e desvendar o quanto esta Cidade me tem
propiciado em momentos de felicidades e de êxitos inesquecíveis.
Pois
não é que agora estou a receber um título que jamais imaginara, talvez porque
tanto não fizera para merecê-lo, e não imaginara, talvez, porque tanto não
fizera para merecê-lo e não imaginara também, porque me considerara, inclusive,
filho adotivo de Porto Alegre. Não é que agora passarei a ser Cidadão
Honorário! E isso graças a coragem e a bondade do eminente Ver. Isaac Ainhorn,
este brilhante e eminente político, que honra esta Casa e teve, repito, a
coragem de submeter o meu nome à Colenda Câmara Municipal para tal distinção e
maior distinção e maior honra para mim foi aprovado por unanimidade.
Não
obstante, torno a repetir que tal honraria deve creditar à "idade
profissional", a caminhada por 54 anos na trilha da profissão que me
empolga e me dá ganas em viver, mesmo empurrando ladeira acima a pedra da lenda
de Sísifo, exaltado por Homero na Odisséia. É bem verdade que tudo com o apoio
e a compreensão incondicionais de esposa modelar, companheira de todas as
horas, durante 53 anos, bem como de filhos maravilhosos, entre os quais incluo
genros e nora, assim como netos igualmente maravilhosos. Não me perdoaria se na
hora em que recebo tão distinta homenagem deixasse de reverenciar as memórias
de meu pai, Clodoveu de Bittencourt Pires e de meu tio e mestre, Voltaire de
Bittencourt Pires, pelo muito que me transmitiram. Da mesma forma, a minha
gratidão a Zola Emilio Silva, companheiro de jornada por quarenta anos, a Célio
de Lia Pires, e demais irmãos, cunhados e sobrinhos, pelo apoio e tranqüilidade
que sempre me proporcionaram.
E
agora, a minha gratidão à Colenda Câmara Municipal de Porto Alegre e os
efusivos cumprimentos pelos seus 225 anos de profícuos trabalhos na defesa e em
prol de Porto Alegre, e ao eminente Ver. Isaac Ainhorn, este pela indicação e
àquela pela aprovação do meu nome para a concessão do honroso título honorífico
de Cidadão Honorário de Porto Alegre.
Desvanecido
estendo o meu reconhecimento a todas as pessoas que prestigiam esta solenidade,
a todos sem distinção, as autoridades que aqui compareceram, a toda essa
juventude maravilhosa que, com suas vozes, encantaram o auditório, a todos a
minha gratidão. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Agradeço ao Ver. Isaac Ainhorn por
ter-me permitido abrir a exposição “Perfis Políticos de 30 a 90”.
Convido
para que, em pé, possamos ouvir o Hino Rio-Grandense, cantado pelo Coral
Infantil da Escola de 1º Grau São Luiz.
(O
Coral Infantil canta o Hino Rio-Grandense.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos e
convidamos para que participem de nosso coquetel que será realizado no salão ao
lado, em nosso Memorial, quando poderemos visitar a Exposição chamada
"Perfis Políticos de 30 a 90". Agradecemos a apresentação do Coral da
Escola São Luiz.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.
(Encerra-se
a Sessão às 20h15min.)
* * * * *